segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Processo árduo

‘Descobri que sou intersexo, removi testículos e me casei com uma mulher, só falta fazer minha cirurgia de redesignação sexual’

INTERDEXO 300x179 - 'Descobri que sou intersexo, removi testículos e me casarei com uma mulher'

De Universa/UOL:

“Tenho 37 anos e há quatro anos descobri que sou intersexo — tenho a genitália ambígua, e passei a me identificar como mulher, que é como me reconheço desde pequena.

Até saber quem eu realmente sou foi um processo árduo. Mas no final deu tudo certo. Me casei neste sábado (30) com minha companheira e agora só falta fazer a minha cirurgia de redesignação sexual. Os testículos eu já retirei.

Nasci em São Paulo, mas cresci em Campo Limpo Paulista, no interior, e fui registrada com o nome masculino. Mas nunca me vi como um menino. Era um sentimento de não pertencimento, mas nunca falei sobre isso em casa.

Quando você não sabe o que é, não tem nem o que procurar ou como pedir ajuda, então você fica a ver navios.

E na adolescência meu corpo começou a se desenvolver de forma feminina. Isso foi muito complexo, porque eu queria aquilo, mas ao mesmo tempo passei por situações de assédio e bullying na escola.

Aos 13, sofri um estupro, e foi a primeira vez que tentei me matar. Uma professora notou que tinha algo de errado comigo, mas a vergonha era muita e não contei nada. Foi um período bem conturbado. Contei anos depois para os meus pais. Eles ficaram perplexos, mas não fizeram nada.

Tive depressão, e para ter um pouco de paz focava no meu mundinho, mergulhava na leitura para esquecer os problemas.

Carreira na CPTM

Meu pai era bombeiro, e minha mãe, dona de casa. Eles sempre falavam que os filhos deveriam terminar os estudos para somente depois trabalhar, mas fiz o contrário. Queria ser independente e aos 16 anos fiz uma prova para ser aluna aprendiz na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e fiz o primeiro curso da América Latina de sistemas mecânicos de transportes sobre trilhos. Passei em 29º lugar entre 30 vagas.

Estudei por dois anos e pelo menos ali, naquele ambiente, não passei por situações de preconceito. Em 2000, um amigo morreu no acidente de Perus [na noite de 28 de julho, dois trens da CPTM colidiram, deixando nove mortos e 115 feridos], e pensei que poderia investir para evitar que aquele tipo de acidente ocorresse, então decidi ser maquinista e consegui uma vaga cinco anos depois. Hoje sou operadora de console de circulação e quero chegar à supervisão.

Leia na íntegra aqui.

Fonte: UOL

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