quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Fatos versus narrativas

Bolsonaro liderou ou empatou cenários espontâneos contra Lula em 2018; relembre números dos principais institutos de pesquisa 

A tese criada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), de que o ex-presidente Lula liderava todas as pesquisas de intenção de votos em 2018 e que só perdeu a eleição presidencial naquele ano porque teria sido impedido de disputar, está mais para torcida apaixonada do que para análise detida sobre os fatos.

Uma observação concreta das informações primárias da época mostram que, em alguns levantamentos divulgados antes de ter seu registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o petista já perdia para o então deputado Jair Bolsonaro em cenários espontâneos. As informações são dos próprios institutos e da imprensa.

Mesmo liderando os números estimulados apresentados, o petista empatava com Bolsonaro ou ficava em segundo lugar quando ao eleitor não era apresentado à lista com os nomes dos candidatos, em levantamentos feitos por institutos como o Datafolha, FSB Pesquisas, e Big Poder Data, para citar apenas três exemplos. Para alguns analistas, essa modalidade de pesquisa é a que chega mais próxima da realidade.

Datafolha

Em junho de 2018 o Datafolha mostrava que o ex-presidente Lula havia perdido 1/3 da intenção de voto espontânea que tinha um ano antes da eleição. Na época, no cenário espontâneo, Lula tinha 10%, enquanto que o então deputado Jair Bolsonaro liderava o levantamento com 12% das intenções de voto. Para relembrar esta pesquisa, clique aqui.

BTG Pactual / FSB Pesquisas

Já em setembro de 2018, a pesquisa do BTG Pactual, feita dias antes do TSE não acatar o registro da candidatura de Lula, ele aparecia empatado com o então candidato Bolsonaro, com 21% das intenções espontâneas de votos. Na mesma pesquisa, Ciro Gomes tinha apenas 4% de intenção de votos. Leia aqui na íntegra.

Big PoderData

Divulgada em julho daquele ano, a pesquisa Big Poder Data mostrava que, no cenário espontâneo, o petista e o militar empatavam dentro da margem de erro com 17% e 14%, respectivamente. Leia aqui na íntegra.

Tratava-se de um cenário semelhante ao revelado pelo instituto Paraná Pesquisas, na última segunda-feira (22), em que Lula e Bolsonaro aparecem com 19,7% e 18,4% das intenções de voto em relação às eleições de 2022.

Fatos versus narrativas

Vale ressaltar a importância desses dados, que andam meio escondidos das análises políticas, porque, assim como acontecia no romance distópico Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, de autoria do escritor britânico George Orwell, na política brasileira existe uma espécie de ‘Ministério da Verdade’ cujo principal objetivo é reescrever a história.

Há também uma espécie de buraco da memória, mecanismo que na ficção era usado para a alteração ou destruição deliberada de documentos considerados constrangedores ou inapropriados. Trazendo para a realidade brasileira, a narrativa que se tenta emplacar é a de que Lula era e continua sendo imbatível nas urnas,  o que não passa de uma torcida partidária apaixonada.

Apesar das semelhanças com a ficção orwelliana, vivemos no mundo real e temos que proteger esses fatos reais, para que, dessa forma, eles possam ser analisados sem qualquer distorção e o eleitor possa fazer seu juízo de valor. O fato é que, tanto em 2018 quanto em 2022, as pesquisas espontâneas mostram que o cenário segue aberto, sem favoritos para a disputa que se avizinha.

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