Advogados divergem sobre decisão de Alexandre de Moraes, mas criticam Procuradoria-Geral da República sobre prisão de Jefferson
Para o criminalista Augusto Arruda Botelho, embora não haja dúvida sobre a gravidade e autoria dos supostos crimes, a decisão falha quando vai justificar a necessidade da prisão

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CAMILA MATTOSO
BRASÍLIA,
DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Advogados ouvidos pela reportagem
divergem sobre a prisão de Roberto Jefferson. Alguns discordam da
argumentação da PGR (Procuradoria-Geral da República) pela liberdade de
expressão, mas também criticam a decisão de Alexandre de Moraes pela
ausência de uma fundamentação jurídica mais ampla.
Para
o criminalista Augusto Arruda Botelho, embora não haja dúvida sobre a
gravidade e autoria dos supostos crimes, a decisão falha quando vai
justificar a necessidade da prisão.
Segundo ele, Moraes deixa de
explicar porque outras medidas menos gravosas não seriam possíveis. O
professor de direito penal da USP Gustavo Badaró segue a mesma linha.
Já
o advogado Bruno Espiñeira diz que a decisão foi acertada porque não
existe liberdade de expressão em casos em que se defende a destruição do
Estado Democrático de Direito.
Especialista em direito
público, Ricardo Barreto de Andrade afirma que a jurisprudência do STF
coíbe o abuso do direito à liberdade de expressão.
"Era
necessário mostrar fatos concretos e contemporâneos que indicassem a
necessidade de prisão preventiva", afirma Arruda Botelho.
Gustavo
Badaró afirma que a decisão foi mal fundamentada uma vez que o ministro
se limita a indicar os supostos crimes de Jefferson, mas não detalha,
concretamente, por qual motivo eles justificam a preventiva.
"As
afirmações do Roberto Jefferson são horríveis, repugnantes,
irresponsáveis e inadmissíveis, e extrapolam o limite da liberdade de
expressão. Porém, o devido processo legal tem que valer para todos,
culpados ou inocentes, amigos ou inimigos", diz ele.
Para o
advogado Bruno Espiñeira, a decisão foi acertada e a tentativa de minar a
credibilidade do TSE e do STF "é um projeto autoritário".
Ricardo
Barreto de Andrade também defende a decisão e diz que a jurisprudência
do STF coíbe o abuso do direito à liberdade de expressão.
"A decisão do Ministro
Alexandre de Moraes é acertada porque, além de estar amparada em fatos
concretos que sugerem a prática de graves ilícitos, inibe o discurso de
ódio, que incita a destruição das instituições democráticas", afirma.
Notícias ao Minuto
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