sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Primeiro caso de reinfecção por Covid-19 na Bahia, com mutação

Pesquisa afirma que Brasil tem caso de reinfecção do novo coronavírus com variante encontrada na África do Sul

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Uma pesquisa do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (IDOR) e do Hospital São Rafael, em Salvador, detectou um caso de reinfecção do novo coronavírus no Brasil com uma mutação que é parte de uma variante do vírus que foi encontrada na África do Sul e tem maior capacidade de infectar. A paciente é uma mulher de 45 anos, moradora de Salvador e sem registro de comorbidades.

A descoberta já foi comunicada às autoridades. O G1 procurou a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que informou que ainda não foi notificada da pesquisa.

A paciente está sendo acompanhada pelos pesquisadores. O primeiro episódio da Covid-19 na mulher ocorreu em 20 de maio de 2020, e o segundo em 26 de outubro. Segundo o IDOR, na reinfecção ela teve sintomas mais severos.

Os dois diagnósticos foram confirmados a partir de testes RT-PCR, que são considerados referência porque detectam a infecção a partir de material coletado pela garganta e pelo nariz do paciente e identificam se há contaminação no momento do exame.

Quatro semanas após a segunda confirmação, a paciente passou por um teste de IGg, que é um exame sorológico que comprova se há a presença de anticorpos, gerados após a contaminação.

Mutação

A mutação encontrada na África do Sul que infectou a paciente da Bahia é a E484K. A descoberta da pesquisa do IDOR foi publicada em versão “preprint”, que é uma pré-publicação, e aguarda revisão da revista científica The Lancet Infectious Diseases, uma das mais prestigiadas do mundo.

O pesquisador do IDOR e doutor Bruno Solano explica que esse caso de reinfecção foi confirmado por sequenciamento genético do vírus.

“Trata-se do primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 no estado da Bahia, confirmado por sequenciamento. Foi observada na sequência genética do vírus presente no segundo episódio a mutação E484K, que é uma mutação identificada originalmente na África do Sul”, disse o pesquisador Bruno Solano.

“Tem causado muita preocupação no meio médico, pois ela pode dificultar a ação de anticorpos contra o vírus. Esta mutação foi recentemente identificada no Rio de Janeiro, mas é a primeira vez, em todo o mundo, em que é associada a uma reinfecção por SARS-CoV-2”, explicou.

Identificação

A identificação foi feita partir do isolamento dos vírus em laboratório. Com isso, os pesquisadores fizeram a análise genética das variantes do coronavírus, do primeiro e do segundo episódios de infecção para compará-los entre si.

Além disso, nessa investigação os cientistas também associaram a descoberta com outras sequências genéticas de vírus isolados no Brasil e no mundo.

Foi a partir dessas análises que os pesquisadores concluíram que a paciente apresentou, em um intervalo de 147 dias, dois episódios de Covid-19, tendo cada um sido provocado por vírus de linhagens diferentes.

O grupo de pesquisa do IDOR segue investigando outros casos suspeitos de reinfecção, para monitorar a presença desta e de outras eventuais variantes genéticas, que podem estar circulando no Brasil. 

Fonte: G1 PB - Créditos: Polêmica Paraíba - Publicado por: Adriany Santos

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