Nove capitais brasileiras começaram 2021 com mais de 80% UTIs ocupadas por pacientes com Covid-19
No Brasil, os estados com maior incidência de casos por 100 mil habitantes ao longo de 2020 foram Roraima, Amapá, Tocantins e Santa Catarina, além do Distrito Federal.
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O Brasil identificou o
primeiro caso de Covid-19 em 26 de fevereiro, em um cidadão de São Paulo
que chegou da Itália. Em março, o número de casos chegou a 4.579, e o
de mortes, a 159.
O país atingiu 1 milhão de casos em junho, mês
em que o número de mortes chegou a 58.314. A partir daí, o número de
infecções confirmadas saltou cerca de 1 milhão por mês até dezembro,
quando fechou o ano em 7,68 milhões. Já o número de óbitos pela doença
no país em 2020 chegou a 195.742.
No mundo inteiro, foram confirmados 83,43 milhões de casos de Covid-19 ao longo do ano passado, com 1,82 milhão de mortes.
Evolução da pandemia
O
boletim destaca que a pandemia se espalhou no Brasil de forma
inicialmente mais lenta que na Europa e Ásia e formou um "extenso
patamar de transmissão" desde junho, com ligeira queda em setembro e
retorno a níveis altos no fim do ano. Segundo os pesquisadores, Brasil,
Reino Unido, Itália e Espanha apresentam padrão semelhante de alta
incidência e mortalidade, destacando-se dos outros países.
Já os Estados Unidos
"representam um caso trágico e particular, com as maiores taxas de
incidência e mortalidade e a sobreposição de três ondas epidêmicas, que
não mostram sinais de arrefecimento", diz o boletim.
No Brasil,
os estados com maior incidência de casos por 100 mil habitantes ao longo
de 2020 foram Roraima, Amapá, Tocantins e Santa Catarina, além do
Distrito Federal. Quanto às mortes por 100 mil habitantes, as taxas
foram mais altas no Amazonas, em Roraima, no Pará, Ceará, Rio de
Janeiro, em Mato Grosso e no Distrito Federal.
"Outro grupo de
estados apresenta uma evolução mais próxima ao que se conhece como
segunda onda, com picos em meados do ano de 2020 e outro mais recente,
em dezembro, como Bahia, Paraíba, Espírito Santo e Rio de Janeiro",
acrescenta o estudo da Fiocruz.
Diferente da mortalidade, que é o
número de vítimas por 100 mil habitantes, a letalidade é o percentual
de casos que geraram óbitos. Essa taxa caiu ao longo de 2020,
"provavelmente devido a ações de saúde como o aumento da cobertura de
testes, a melhoria e ampliação das ações da Atenção Primária em Saúde, o
aumento no número de leitos e o aprendizado no tratamento hospitalar de
casos graves", avaliam os pesquisadores.
A taxa de letalidade
terminou o ano entre 2% e 3% na maioria dos estados, com apenas Rio de
Janeiro e Pernambuco acima de 5%, o que "revela graves falhas no sistema
de atenção e vigilância em saúde nesses estados", já que um nível alto
de letalidade está relacionado à subnotificação dos casos.
O
estudo alerta que o Brasil encerrou 2o ano passado com patamar de casos
comparável aos valores de junho a agosto, quando havia cerca de 40 mil
casos e 1 mil mortes por dia. Em dezembro, foram registrados novamente
40 mil casos diários, com 600 vítimas por dia. "As perspectivas para o
verão não são alentadoras, uma vez que o sistema hospitalar apresenta
sinais de saturação e grande parte das medidas de distanciamento físico e
social e uso obrigatório de máscaras vêm sendo apenas parcialmente
adotadas nos estados e municípios."
Um
dos principais indicadores de tendência da pandemia ao longo de 2020
foi a evolução dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). A
incidência de SRAG chegou a mais de 10 casos por 100 mil habitantes no
Brasil no pico da transmissão, com Amazonas, Pará, Ceará e Distrito
Federal alcançando 20 casos por 100 mil habitantes nos primeiros meses
da pandemia.
É contabilizado como SRAG todo caso de doença
respiratória com hospitalização ou óbito, em que sejam registrados os
seguintes sintomas: tosse ou dor de garganta, dispneia ou saturação de
oxigênio abaixo de 95%, ou dificuldade respiratória.
Ao longo do
ano, mais de 640 mil casos se enquadraram nesses critérios no país.
Entre eles, mais de 350 mil tiveram alguma confirmação de vírus
respiratório, sendo o SARS-CoV-2 o causador da infecção em 97%.
Além
disso, o boletim informa que foram mais de 150 mil óbitos por SRAG no
Brasil. Entre aqueles causados por vírus respiratórios, o coronavírus
foi o agente infeccioso em 99%.
A Fiocruz destaca que a
desigualdade social e regional do Brasil acentua os riscos trazidos pela
pandemia para grupos mais vulneráveis, com impactos tanto imediatos,
quanto de médio e longo prazos. "As desigualdades sociais fazem mal à
saúde, colocando alguns grupos em grande desvantagem para cumprir as
medidas de higienização, distanciamento físico e social, isolamento e
quarentena, bem como no acesso aos serviços de saúde, incluindo exames
diagnósticos, tratamento e reabilitação".
O problema afeta
pessoas com condições de vida e trabalho mais precárias e dificuldade de
acesso a bens e serviços essenciais, como alimentação, moradia,
saneamento básico, educação, transporte e outros. Os pesquisadores
incluem ainda nesse grupo mais exposto pessoas que sofrem injustiças por
questões de gênero, raça e etnia.
"Embora a pandemia afete a
população do país como um todo, seus impactos não afetam do mesmo modo
todas as pessoas", diz o boletim, que recomenda a adoção de medidas de
reparação através de políticas públicas pró-equidade", afirma o boletim.
Notícias ao Minuto com informação: Agência Brasil
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