IMPACTO BRUTAL: Coronavírus deixa sequelas severas nos pulmões de pacientes que se ‘curaram’ da doença
Febre,
tosse, cansaço, falta de ar. Estes são os principais sintomas
apresentados pelas pessoas acometidas pela Covid-19, a doença causada
pelo Sars-CoV-2, nome científico do novo coronavírus.
Sendo
um novo tipo de vírus, a comunidade tem descoberto aos poucos sobre
como a doença age. Sabe-se, no entanto, que ela é principalmente
violenta em idosos e em pessoas que apresentam as chamadas comorbidades,
ou seja, fatores que agravam a doença, como problemas cardíacos ou
diabetes.
Porém
isso não significa que os jovens sejam imunes. Pelo contrário, o número
de jovens e até de crianças que contraíram a doença e até mesmo que
foram a óbito é significativo. No Brasil, particularmente, 1/4 dos
mortos está fora dos grupos de risco.
Mas como a doença age no corpo?
No
caso da falta de ar e da tosse seca, estes são que os sintomas externos
de um problema muito maior ocorrendo internamente. O organismo possui
mecanismos naturais que barram a entrada do vírus nos pulmões, mas uma
vez lá, a infecção destrói os tecidos do órgão, causando inflamação e
gerando excesso de muco e resíduos que sobrecarregam os pulmões,
causando insuficiência respiratória, que pode hospitalizar ou, no pior
dos casos, levar a óbito.
“Dor de garganta, dor no tórax e falta
de ar que é o momento de gravidade maior e que levam as pessoas ao
serviço de saúde de forma mais urgente. Numa margem de 100 pessoas, 15
vão ter sintomas mais importantes e boa parte delas serão internadas em
hospitais. Os outros 85 vão ter poucos sintomas, sem queixas e podem até
negar que tiveram a doença”, explica o pneumologista Alexandre Araruna,
da Unimed João Pessoa.
O pneumologista explica ainda que “a
tomografia é o principal exame que vai identificar o pulmão inflamado,
que pode ser até 25%, de 25% a 50% dos dois pulmões e acima de 50% dos
dois pulmões. Quanto maior a gradação de inflamado dos pulmões, maior a
agressividade e maior a chance de o paciente ficar mais cansado. Boa
parcela destes pacientes acometidos precisará ser internada em
hospitais, mas cada um de acordo com sua necessidade e gravidade. A
tendência é mais ou menos duas semanas esses inflamados começarem a
diminuir, e o cansaço, tosse e o fôlego diminuído também tendem a
aliviar”.
Não
se sabe ao certo ainda o porquê de a doença agir severamente em alguns
casos e outros não. Porém, sem vacinas ou tratamentos, é, pode-se dizer,
quase como uma roleta russa.
No início de junho uma paciente (que
não teve seu nome revelado) do o hospital Northwestern Memorial, em
Chicago, nos Estados Unidos, diagnosticada com a Covid-19 e descrita
como uma mulher na casa dos 20 anos e se comorbidades, precisou passar
por um transplante duplo dos pulmões. Segundo o chefe de cirurgia
torácica e diretor cirúrgico do programa de transplantes do hospital,
Ankit Bharat, a cirurgia durou 10 horas, devido a gravidade do quadro da
paciente.
O estado de deterioração dos pulmões era tão avançado
que já comprometia outros órgãos, e apresentavam buracos “como um queijo
suíço” e estavam colados aos tecidos e órgãos próximos.
Esse foi
um caso excepcional e extremo: a cirurgia foi a primeira do tipo a ser
realizada no Estados Unidos durante a pandemia. Porém, mesmo nos casos
menos graves a doença pode deixar sequelas e, mesma curada, pode
continuar afetando a qualidade de vida da pessoa que a teve.
Apesar
de ser incerto, podem existir casos, principalmente naqueles em que a
doença avançou muito, em que seja preciso que o paciente passe por um
processo gradual até voltar a sua vida habitual, incluindo a
fisioterapia pulmonar para que o órgão recupere suas funções. As
sequelas podem incluir enfisema ou uma bronquite crônica, levando à
necessidade de medicamentos por toda a vida, ou a fibrose, quando o
tecido pulmonar é danificado, causando cicatrizes, que endurecem os
tecidos do órgão, prejudicando a elasticidade e dificultando a
respiração.
Sobre a recuperação, o Araruna afirma que as vezes
após 45 dias em casa estes pacientes ainda terão alguns resíduos de
sintomas, de queixas respiratórias, que podemos chamar de sequelas ou
convalescênça, no qual, o paciente ainda precisa de um tempo para se
reabilitar, passado o vendaval da doença. “Varia de pessoa a pessoa,
organismo a organismo, que vai fazer essa limpeza gradual com o tempo.
Mas a grosso modo, em nosso entendimento até este instante, é que
aqueles inflamados vistos na tomografia, tendem a desaparecer depois de
algumas semanas ou até meses. São essas as impressões que estamos
acompanhando em nossos pacientes, na Unimed João Pessoa, que estão indo
para casa e nos pacientes que estão ainda saindo dos hospitais”.
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[IMAGEM – Estado de deterioração dos pulmões era tão avançado que já comprometia outros órgãos, e apresentavam buracos “como um queijo suíço”] |
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