Empresários são presos em operação contra empresa que não entregou respiradores aos governadores do Nordeste
Três
pessoas foram presas na manhã desta segunda-feira (1º) durante uma
operação da Polícia Civil da Bahia contra a empresa que vendeu e não
entregou respiradores ao Consórcio do Nordeste. Além das prisões, a
operação Ragnarok cumpre 15 mandados de busca e apreensão em Salvador,
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
De
acordo com a polícia do Distrito Federal, foram cumpridos dois mandados
de prisão temporária em um hotel e dois de busca e apreensão em um
residencial de Brasília. A outra prisão ocorreu no Rio de Janeiro. Os
presos devem ser trazidos para a Bahia ainda nesta segunda-feira.
A
polícia informou que o grupo alvo da ação é especializado em
estelionato, através de fraude na venda de equipamentos hospitalares.
Conforme apontam as investigações, a empresa recebeu R$ 48 milhões por
um conjunto de respiradores, não os entregou e ainda não devolveu o
recurso.
O grupo foi descoberto após denúncia do Consórcio
Nordeste, que tentou adquirir respiradores para o combate ao
coronavírus. A empresa alvo da ação se apresentava como revendedor dos
produtos.
Ainda segundo as investigações, a empresa tentou
negociar de forma fraudulenta com vários setores no país, entre eles os
Hospitais de Campanha e de Base do Exército, ambos em Brasília.
A
operação, coordenada pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia
(SSP-BA), através da Superintendência de Inteligência, conta com a
participação da Polícia Civil da Bahia, através da Coordenação de Crimes
Econômicos e Contra Administração Pública, da Polícia Civil de SP, do
Distrito Federal e do Ministério Público da Bahia.
A polícia detalhou que mais de 100 contas bancárias vinculadas ao grupo foram bloqueadas pela Justiça.
A
Justiça já havia determinado o bloqueio dos bens da empresa HempShare,
que deixou de entregar os respiradores comprados por R$ 48,7 milhões aos
estados nordestinos. A decisão ocorreu após uma ação aberta pelo
Consórcio.
No
Diário Oficial do Estado da última sexta-feira (29), representando o
Consórcio Nordeste, o governador do estado, Rui Costa instaurou processo
administrativo com a finalidade de apurar irregularidades praticadas
pela empresa Hempcare, com sede em São Paulo.
No documento, consta
a informação de que a empresa foi contratada pelo Consórcio Nordeste em
8 de abril de 2020, e que inquérito foi aberto por haver indícios de
descumprimento das obrigações contratuais, mediante a inexecução
contratual. Os indícios de irregularidades não foram detalhados no
documento.
A dona da empresa, que teve os bens bloqueados,
informou que fez o contrato pra importar respiradores da China, mas que
durante as negociações percebeu que os equipamentos fabricados no país
apresentavam problemas. A empresa afirmou que, em contrapartida,
ofereceu respiradores produzidos no Brasil, testados pela Anvisa e mais
baratos. Ainda segundo a empresa, caso a substituição fosse aceita, ao
invés de 300, mais de 400 respiradores seriam entregues.
O governo
do estado nega que haja certificação dos respiradores pela Anvisa. A
empresa ainda declarou que não vai recorrer da decisão porque já havia
acordado a devolução do dinheiro, que será feita nos próximos dias.
Depois disso, os bens deverão ser desbloqueados.
O atraso na
entrega da carga dos respiradores foi anunciado no dia 5 de maio, pelo
secretário de saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas. Na ocasião, havia uma
previsão da chegada dos equipamentos ainda no mês de maio, o que não
ocorreu.
Dois dias depois, em 7 de maio, o governador Rui Costa
informou sobre o cancelamento da compra dos respiradores por causa do
atraso. Ainda no início de maio, o secretário Fábio Vilas Boas previa a
devolução do dinheiro da compra cancelada dos respiradores até a
primeira quinzena do mês.
Diante
do insucesso na compra e do processo para devolução do dinheiro
investido, o Ministério Público do Estado (MP-BA) abriu um procedimento
para apurar possíveis irregularidades nas compras dos respiradores.
G1 - Publicado por: Fabrícia Oliveira
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