Ex-presidente Lula diz que a pandemia foi boa para alertar o governo Jair Bolsonaro
O petista falou sobre o tema em uma entrevista à revista Carta Capital
© Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) -
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 76, afirmou nesta
terça-feira (19) que o surgimento da pandemia do coronavírus foi
positivo para alertar o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da
crise econômica.
O petista falou sobre o tema em uma entrevista à
revista Carta Capital. "O que eu vejo? Quando eu vejo essas pessoas
acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público
não presta nada... Ainda bem que a natureza, contra a vontade da
humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro
está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar,
que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises."
Lula
foi solto no início de novembro, após 580 dias preso na Polícia Federal
em Curitiba, beneficiado por um novo entendimento do STF (Supremo
Tribunal Federal) segundo o qual a prisão de condenados somente deve
ocorrer após o fim de todos os recursos. O petista, porém, segue
enquadrado na Lei da Ficha Limpa, impedido de disputar eleições. Lula
permaneceu preso de 7 abril de 2018 a 08 de novembro de 2019 em uma cela
especial da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. O local
tinha 15 metros quadrados, com banheiro, e ficava isolado no último
andar do prédio. Ele não teve contato com outros presos, que ficavam na
carceragem, no primeiro andar.
Lula foi condenado em primeira,
segunda e terceira instâncias sob a acusação de aceitar reformas e a
propriedade de um tríplex, em Guarujá, como propina paga pela
empreiteira OAS em troca de contrato com a Petrobras, o que ele sempre
negou. A pena do ex-presidente foi definida pelo Superior Tribunal de
Justiça em 8 anos, 10 meses e 20 dias, mas o caso ainda tem recursos
pendentes nessa instância e, depois, pode ser remetido para o STF.
Nessa
condenação, Lula já havia atingido em setembro a marca de um sexto de
cumprimento da pena imposta pelo STJ. Por isso, mesmo antes da recente
decisão do Supremo, ele já reunia condições para deixar o regime fechado
de prisão. Ainda neste ano, porém, o Supremo pode anular todo esse
processo do tríplex, sob o argumento de que o juiz responsável pela
condenação, o ex-ministro Sergio Moro, não tinha a imparcialidade
necessária para julgar o petista. Não há data marcada para que esse
pedido da defesa do ex-presidente seja analisado.
Além do caso
tríplex, Lula foi condenado em segunda instância a 17 anos e 1 mês de
prisão por corrupção e lavagem no caso do sítio de Atibaia (SP). O
ex-presidente ainda é réu em outros processos na Justiça Federal em São
Paulo, Curitiba e Brasília. Com exceção de um dos casos, relativo à
Odebrecht no Paraná, as demais ações não têm perspectiva de serem
sentenciadas em breve.
Notícias ao Minuto
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