Aldir Blanc, compositor e escritor, morre no Rio de Janeiro vítima de coronavírus
O
compositor e escritor Aldir Blanc, de 73 anos, morreu na madrugada
desta segunda-feira (4) no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila
Isabel, Zona Norte do Rio. Ele estava com Covid-19 e seu quadro de
saúde era considerado grave.
No dia 10 de abril, o compositor deu
entrada na CER do Leblon com infecção urinária e pneumonia, que
evoluíram para um quadro de infecção generalizada.
Cinco dias
depois, a partir de uma campanha de amigos e artistas, ele conseguiu
transferência para o Hospital Pedro Ernesto, onde permaneceu até
falecer.
Obituário
Aldir Blanc Mendes nasceu no Rio de
Janeiro, no dia 02 setembro de 1946. Em 1996, ingressou na Faculdade de
Medicina, especializando-se em psiquiatria. Em 1973, abandonou o curso
para dedicar-se exclusivamente à música, tornando-se um dos mais
importantes compositores de Música Popular Brasileira (MPB).
Uma
de suas canções mais famosas, “O Bêbado e a Equilibrista”, feita em
parceria com João Bosco, ficou eternizada na voz de Elis Regina.
Outras composições famosas são “Bala com Bala”, “O Mestre-Sala dos Mares”, “De Frente Pro Crime” e “Caça à Raposa”.
A
obra de Blanc reúne, ainda, dezenas de canções conhecidas, feitas em
parceria com outros ilustres artistas, como Moacyr Luz, Maurício
Tapajós, Paulo Emílio, Carlos Lyra, Guinga, Edu Lobo, Wagner Tiso, César
Costa Filho, Cristóvão Bastos, Roberto Menescal, Ivan Lins, entre
outros.
Resumo da carreira musical
Aos 18 anos, Blanc ganhou uma bateria e, pouco depois, formou o grupo
Rio Bossa Trio. Em 1968, conheceu o parceiro Sílvio da Silva Júnior.
Dois anos mais tarde, a primeira composição da dupla, “Amigo É pra Essas
Coisas”, é gravada pelo grupo MPB-4.
Na mesma época, ao lado de
outros compositores, como Ivan Lins, Gonzaguinha e Marco Aurélio, funda o
Movimento Artístico Universitário (MAU), e torna-se conhecido por criar
e integrar associações ligadas à defesa dos direitos autorais. É um dos
fundadores da Sociedade Musical Brasileira (Sombras) – responsável pela
arrecadação de direitos autorais -, da Sociedade de Artistas e
Compositores Independentes (Saci) e da Associação dos Músicos,
Arranjadores e Regentes (Amar).
“Ela”, sua composição em parceria
com César Costa Filho, foi gravada por Elis Regina, em 1971. No ano
seguinte, a cantora grava “Bala com Bala”, parceria com João Bosco, e a
canção “Agnus Sei” é lançada no Disco de Bolso, compacto que acompanha o
jornal O Pasquim.
Em 1973, Elis grava ainda várias outras músicas
da dupla Bosco e Blanc, como “O Caçador de Esmeralda” e “Cabaré e
Comadre”. Um ano depois, em outro LP, Elis grava outros sucessos da
dupla, como “O Mestre-Sala dos Mares”, “Caça à Raposa” e “Dois pra Lá,
Dois pra Cá”. E em 1979, “O Bêbado e a Equilibrista”, um dos maiores
sucessos de sua carreira.
Em 1996, o disco comemorativo “Aldir
Blanc – 50 Anos”, em homenagem ao compositor, reuniu várias
participações especiais, entre elas, Betinho ao lado do MPB4, Edu Lobo,
Paulinho da Viola, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.
O álbum reúne, também, letras e melodias com Guinga, Moacyr Luz, Cristóvão Bastos e Ivan Lins.
Com Bosco, emplacou algumas canções na trilha de abertura de novelas e
séries, como “Doces Olheiras” (na novela Gabriela, da TV Globo, em
1975), “Visconde de Sabugosa” (para O Sítio do Pica-Pau Amarelo, em
1977), “Coração Agreste” (em Tieta, de 1979), “Confins” (em Renascer, de
1993), “Suave Veneno” (na novela homônima, de 1999), “Chocolate com
Pimenta” (tema de novela homônima, em 2003), “Bijuterias” (para a
minissérie “O Astro”, no remake de 2011).
O cronista Aldir Blanc
Blanc era também cronista, reconhecido pelas bem-humoradas histórias e personagens da Zona Norte do Rio.
Publicou vários livros, entre eles “Rua dos Artistas e Arredores” (Ed.
Codecri, 1978); “Porta de tinturaria” (1981), “Brasil passado a sujo”
(Ed. Geração, 1993); “Vila Isabel – Inventário de infância” (Ed.
Relume-Dumará, 1996), e “Um cara bacana na 19ª” (Ed. Record, 1996), com
crônicas, contos e desenhos.
Contribuiu, ainda, com crônicas para os jornais “O Dia”, “O Estado de São Paulo” e O Globo.
G1 - Publicado por: Fabricia Oliveira
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