Líder do Centrão faz crítica a saída do ministro Nelson Teich e reavalia apoio ao governo Bolsonaro
Um
dos líderes do Centrão, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP) divulgou
uma nota criticando os “impulsos” do presidente Jair Bolsonaro na
condução da crise do novo coronavírus, que levaram ao pedido de demissão
do ministro da Saúde, Nelson Teich. No Congresso, representantes do
grupo já afirmam, nos bastidores, que será muito difícil apoiar
Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto,
partidos como o PL também intensificaram as negociações para ocupar
pastas no Ministério da Saúde.
“Saiu
quem não tinha entrado. Nesta sexta-feira (15), o ministro da Saúde, Nelson
Teich, pediu exoneração do cargo, mas, não sei se alguém percebeu, já
não fazia diferença”, disse Paulinho da Força, como é conhecido o
deputado, que preside o Solidariedade. Após afirmar que Teich era
constantemente desautorizado por Bolsonaro, Paulinho partiu para o
ataque ao chefe do Executivo. “Duvido que alguém consiga fazer o
presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o isolamento
social é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI.
O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um
ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e
com os impulsos de Jair Bolsonaro.”
A avaliação é compartilhada
por outros partidos que integram o Centrão. “Diante das imposições do
presidente, só topará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso
com a ciência e nem com a medicina. O pedido de demissão do ministro
demonstrou que ele tem”, afirmou o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
Uma
hora depois da demissão de Teich, a empresa AP Exata captou que a
rejeição a Bolsonaro nas redes sociais chegou a 65% – um aumento de 11
pontos em relação ao período anterior a esse cenário. O presidente vem
perdendo apoio nas mídias digitais desde o início do ano, mas enfrentou
os piores momentos recentemente, com as saídas de Sérgio Moro,
ex-titular da Justiça, e de Luiz Henrique Mandetta, que comandava o
Ministério da Saúde antes de Teich.
Como
informou o Estadão na quarta-feira, o PL de Valdemar Costa Neto deverá
ocupar a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério que
estava nas mãos de Teich. A mudança de posto na Secretaria, em meio ao
pico da Covid-19, ocorre após a demissão de Francisco de Assis
Figueiredo, que havia sido indicado para o cargo pelo Progressistas,
partido do deputado Arthur Lira (AL).
O PL de Valdemar Costa Neto
chegou a negociar nomes para a Secretaria de Vigilância em Saúde, pasta
estratégica para formular ações sobre o avanço da Covid-19 no Brasil,
como orientações de isolamento social. A Secretaria de Atenção
Especializada, no entanto, é mais atrativa – porque autoriza o custeio
(habilitação) de leitos de UTI em todo o País, além de certificar
entidades que fazem serviços complementares ao SUS – e virou o novo alvo
do partido.
Fonte: Terra - Publicado por: Gerlane Neto
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