Nunca, em nenhum momento da humanidade, em nenhum período histórico e em todos os tempos da civilização humana, um vírus abalou tanto com a estrutura do planeta como o novo coronavírus. A pandemia da Covid-19 pelo SARS–CoV-2, parou o mundo.  Sem dúvida, é a maior pandemia de todos os tempos.
Os efeitos devastadores do vírus, se tornaram algo sem precedentes na história, e obrigaram empresas e profissionais se reinventaram. O medo tomou conta do planeta.  A população teve que se readaptar e mesmo com algumas resistência, cumprir as necessárias medidas de isolamento social como forma de evitar o contágio do vírus. A velocidade com que a Covid-19 se espalha, inevitavelmente, provocou um pânico nas pessoas e quase uma histeria global.
A Covid-19 se tornou o maior problema sanitário da história, algo sem precedente e inimaginável há alguns meses atrás. O vírus que matou milhares de pessoas, estrangulou grandes economias, superlotou a rede pública de saúde e levou a colapso o sistema funerário de algumas cidades, poderia ter sido evitado.
Na semana em que a Paraíba bateu recorde de pessoas infectadas, o número de casos ultrapassou  os cinco mil, o site PB Agora ouviu cientistas e pesquisadores que garantem que o vírus nasceu devido a falta de controle do homem que extrapolou seus limites.
Os pesquisadores Weruska Brasileiro e Cidoval Morais alertam para a necessidade de preservação da natureza para a sobrevivência humana. Ao ser consultado pelo PB Agora, eles observaram que  somente com pesquisa, confiança e solidariedade global, a humanidade poderá evitar ou vencer próximos surtos.
A engenheira Sanitária e Ambiental Weruska Brasileiro relatou ao PB Agora que o coronavírus tem relação direta com a destruição de reservas destinadas para animais por parte do homem.
Ela esclareceu que as doenças transmitidas do animal para os homens, estão cada vez mais presentes na humanidade, e tendem a aumentar na medida em que os habitats naturais são destruídos pelas atividades humanas.
“Os pesquisadores do mundo inteiro acreditam que a degradação ambiental, em especial, a degradação dos habitats, é a principal fonte de transmissão do coronavírus, que infectou milhares de pessoas e trouxe consequências negativas para a economia global” observou.
Com base em pesquisas da comunidade científica, Weruska Brasileiro destacou que os morcegos podem ser os mais prováveis transmissores da Covid-19. No entanto, ela observa que o vírus também pode ter sido transmitido aos seres humanos a partir de outros hospedeiros intermediários que podem ser um animal doméstico, ou mesmo selvagem.
Ela lembrou que os alertas da comunidade científica não é de hoje, visto que desde o início do século passado que o mundo convive com pandemias provocadas por zoonoses como o Ebola, a gripe aviária, a febre do Nilo ocidental e o zika vírus.
A pesquisadora  que trabalha no Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental  da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), citou como exemplo o relatório de Fronteiras sobre de Questões Emergentes e Preocupação Ambiental promovido pelo programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, divulgado em 2015 que apresenta como as zoonozes podem afetar o desenvolvimento econômico e o bem estar humano e a integridade do ecossistemas.
Para a especialista, essa doenças só podem ser evitadas quando o homem respeitar o equilíbrio da natureza. O desenvolvimento econômico desenfreado, acelera a degradação ambiental, como o desmatamento de nossas florestas, as ações de mineração, a agricultura intensiva.
“Nós não podemos viver sem interagir, de forma equilibrada e repeitando a natureza. Não podemos imaginar que toda essa agressão a natureza não vai vir uma resposta” destacou. Ela lembrou que hoje o mundo assiste perplexo, o desmatamento da Floresta Amazônica, o que tem consequência direta na vida das pessoas.
Sem espaço, os animais silvestres que são hospedeiros de patógenos como o morcego, passa a competir espaço com outros animais, gerando diversos tipos de zoonose.Para ela a humanidade precisa urgentemente aprender a viver em harmonia com a interligação entre economia, sociedade e meio ambiente.
“Sem o respeito a esse tripê, jamais podemos ter um bem estar que todos almejam. Vamos ter que passar diversas vezes por esses momentos de enclausuramento. Todos confinados em casa, porque é difícil a ciência acompanhar o aceleramento da degradação ambiental enfatizou. Ela ilustrou esse comentário fazendo referência a dificuldades que os cientistas estão enfrentando para encontrar uma vacina capaz de eliminar a Covid-19.
Weruska concordou que a pandemia da Covid-19 se transformou em um dos maiores desafios sanitários em escala global deste século e uma tragédia anunciada: consequência da ação devastadora da interferência do homem sobre o meio ambiente”.
Outro respeitado pesquisador na área, o professor Cidoval Morais, também alertou que a Covid-19 não nasceu em laboratório, mas é fruto da ação do homem na natureza.
Doutor em Geociências pela Unicamp,com pós-doutorado em Ciência, Tecnologia e Sociedade(CTS) pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Cidoval que também integra o corpo de docentes do Mestra em Desenvolvimento Regional da UEPB, afirmou que os efeitos dessas doenças podem ser, pelo menos, minimizados.
Para ele, o coronavírus talvez seja o primeiro sinal claro e incontestável de que a degradação ambiental pode matar os humanos com rapidez.
Ele entende que a destruição dos habitats é a causa e transformar floresta em agricultura sem entender o que causa no clima, na concentração de carbono, na deflagração de doenças é um grande risco.
O professor citou que dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que no período de um ano (2018-2019) o desmatamento da Amazônia Legal foi e estimado em 9.762 km2, quase 30% em reação ao período anterior. Os números apontam uma realidade trágica bem no meio do Nordeste: a degradação de quase 50% do nosso bioma Caatinga.
Os casos de Covid-19 confirmados no mundo superaram os 5 milhões nesta quinta-feira (21), de acordo com o monitoramento da universidade americana Johns Hopkins. 19.038 O Brasil já passa das 19.038 mortes provocadas pela Covid-19 e 294.152 casos confirmados da doença em todo o país.
A Paraíba tem 5.838 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O número de mortes confirmadas por Covid-19 subiu para 230 no estado desde o início da pandemia.
Severino Lopes - PB Agora