Pacientes terminais com coronavírus ganham tablets para poder se despedir de parentes e amigos nais possam se despedir das famílias
“A
ideia de não ser capaz de dizer adeus me machuca mais do que a própria
morte e existem outros locais com idosos, hospitais e asilos, onde não
há mais a possibilidade de se despedir.” É assim que o vereador de Milão
Lorenzo Musotto resume o objetivo da campanha “o direito de dizer
adeus”, que usa a tecnologia para oferecer algum conforto a pacientes
terminais no Norte da Itállia. O país europeu tem o maior número de
vítimas fatais causadas pelo novo coronavírus, quase 8 mil mortos.
Somente nesta quarta-feira foram mais 683, segundo dados divulgados pelo
jornal Corriere della Sera.
Ao lado de correligionários
do Partido Democrático, ele vem arrecadando dinheiro para a compra de
tablets a serem doados a hospitais e clínicas que estão cuidando de quem
está morrendo. Como o isolamento social tem se mostrado o mais eficaz
para conter a Covid-19, eles não têm ao lado os entes queridos
justamente quando tanto precisam.
A ideia surgiu depois de
acompanhar entrevista da médica Francesca Cortellaro, chefe do hospital
San Carlo, na qual ela contou da dor das pessoas que entraram no
hospital sozinhas e que foram embora em total solidão, cientes do que
estava para acontecer, e da falta de meios tecnológicos para
videochamadas para parentes.
“Assim, decidimos comprar os
aparelhos e permitir que os pacientes possam falar com os entes queridos
uma última vez”, explicou o vereador.
“Vou lhe dizer porque esse
pensamento me machuca mais que a própria morte: porque certamente
existem outras residências para idosos, hospitais e clínicas onde não há
mais a possibilidade de dizer adeus em função da limitação da infecção.
Infelizmente não temos muito mais fundos após essa despesa”, completou.
De
forma involuntária, Francesca Cortellaro foi mentora de tudo. E revela
todo o incômodo com a situação de quem está impedido de receber um
último abraço.
“Você sabe o que é mais dramático? Observar os
pacientes morrendo sozinhos, escutá-los pedir que se despeça seus filhos
e netos por eles”, disse a médica ao periódico italiano Il Giornale.
Ela
conta que uma idosa lhe havia pedido que visse a neta por última vez
antes de morrer. Como era impossível, pegou o telefone celular e fez
chamada de vídeo. “Houve a despedida e logo depois ela (a paciente) se
foi”, concluiu.
Expansão
Até o início da semana,
20 tablets haviam sido doados. A intenção é que a iniciativa se espalhe
por outras partes da Itália e também possa ser copiada em outros países.
“É
por isso que peço que você entre em contato com os serviços de saúde da
sua região para descobrir se hospitais e pacientes desejam receber
doação desse tipo. Estou profundamente convencido da importância de
máscaras, luvas, máquinas – e por isso os tablets são acompanhados de
uma doação de 1.000 euros (cerca de R$ 6 mil) –, mas o direito de dizer
adeus, para quem sai e para quem fica, não deve ser superado”, finalizou
Musotto.
Fonte: EM - Publicado por: Fabricia Oliveira
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