Decisão da sexta turma foi para salvar reputação de ministro ‘amigo de Ricardo Coutinho’ – Por Junior Gurgel
A
decisão “corporativa” de manter a liminar que determinou soltura do
líder da OCRIM girassol, Ricardo Coutinho – concedida pelo plantonista
provisório à época Ministro Napoleão Nunes Maia – amplia mais ainda o
profundo fosso que separa uma nova sociedade em mutação (sedenta por
Justiça) do distante e inatingível Poder Judiciário, regiamente pago
pelo suor do trabalhador brasileiro, que almeja punições severas contra
os ousados e arrogantes malbaratadores do erário público.
Alcançado
pela compulsória marcada para este ano, precisamente em 30/12/2020,
quando completará 75 anos, Napoleão Maia foi salvo por seus pares da 6ª
turma (STJ) na última terça-feira (18/02/2020) pelo placar de 4×1. Em final de carreira, ser
punido por companheiros, mesmo que por erro grave e insanável? Mancharia
sua “biografia”. A opção em “salvar” o Ministro de sua ultima
travessura, culminou em danos à figura de um Desembargador do TJ-PB
probo, digno e de conduta ilibada, que por méritos chegou ao TJ-PB,
dispensando qualquer apoio político de sua ilustre família.
A 6ª
turma do STJ não avaliou a periculosidade de um quadrilheiro em
liberdade… Doravante irá destruir provas, intimidar testemunhas;
chantagear autoridades e obstruir a Justiça. Qual a diferença entre os
crimes praticados por Ricardo Coutinho e Sérgio Cabral? Provavelmente
seja a figura do julgador: Juiz Marcelo Bretas que o meteu na cadeia, e
quando vislumbrou que seria boicotado pelas Cortes Superiores,
sentenciou-o a 180 anos de cadeia. Mostrando seu destemor do mundo
político e suas influências, encarcerou Pezão, no exercício de suas
funções como governador do Rio de Janeiro, saindo algemado do Palácio da
Guanabara.
Quem assistiu ao julgamento no TSE (24.04.2018) do
então governador Ricardo Coutinho – transmitido pela TV Justiça –
percebeu a “indisfarçável simpatia” do Ministro Napoleão Maia pelo réu
socialista, fundador da quadrilha girassol. Amor à primeira vista? Mesmo
sendo o relator, não leu seu voto, sequer teve a preocupação de
fundamentá-lo usando qualquer “entendimento” da confusa e ininteligível
legislação eleitoral. A remissão fiscal de impostos como IPVA, ICMS (gol
de prata); Multas e Taxas do DETRAN-PB, prejuízo ao erário estimado em
36 milhões de reais, em plena campanha eleitoral de 2014, na visão de
Napoleão Maia não desequilibrou a disputa do pleito. Absurdo! Dezenas de
milhares de votos de proprietários de motocicletas foram trocados pelo
perdão da dívida do IPVA.
“Assistencialismo
necessário” (?) foi à tese vergonhosamente “improvisada” pelo Ministro
Relator Napoleão Maia, alegando que motocicleta no Nordeste era um
“jumento motorizado”. Que conhecia a pobreza da região, e que todo tipo
de “assistencialismo” – mesmo em período eleitoral – era importante e
bem vindo, para amainar o sofrimento desta gente. Sem “assistencialismo”
o nordestino morre de fome e sede. Onde se encontra esta lei, artigo ou
Jurisprudência? Finalizou alegando que a vontade popular deveria ser
respeitada. Mas, não houve “vontade” e sim “motivação” do eleitor pelo
dinheiro e os benefícios da máquina pública.
A Ministra Rosa Weber
tentando minimizar o vexame, não escondeu sua sinceridade: “no meu
entendimento este tipo de ação é conduta vedada e desequilibra qualquer
pleito”. Concordou com o Vice Procurador Geral Eleitoral, Nicolao Dino –
irmão do governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) – que compõe o arco
de alianças dos partidos de esquerdas, onde se inclui o PSB. Separando o
“homem ser, do homem função”, Nicolao Dino pediu a cassação da chapa de
2014, por considerar uma “aberração” o TRE-PB não ter observado os
crimes cometidos durante a campanha.
Jornalista Flávio Lúcio, que
tripudia com ironia em seus textos o Desembargador Ricardo Vital e
GAECO-PB, após resultado do julgamento da 6ª turma, lhes pôs uma
“alcunha” de o “Sérgio Moro da Paraíba”. O zelo, conhecimento e preparo
do Desembargador Ricardo Vital, em nada difere do respeitado Juiz,
homenageado em todo o planeta, por sua coragem de prender e condenar o
Chefe de Estado mais corrupto da história do século XX e XXI, do mundo
civilizado.
Sérgio Moro do Paraná, não esperou fechar o “conjunto
da obra” da corrupção contumaz que sorveu dos cofres públicos trilhões
de reais, instalada no país desde 2003. Bastou o Triplex do Guarujá.
Demais criminosos envolvidos na gang, seriam pegos pelas delações e seu
efeito dominó. Teve que encarar o Ministro Teori Zavascki, que atendendo
pedido da então Presidenta Dilma, concedeu liminar a Renato Duque.
Duque tinha diversos crimes, porém, bem menos graves que os de Ricardo
Coutinho. Duas semanas depois, o Justiceiro do Brasil o pôs novamente na
cadeia. E, cuidou em sentenciá-lo, evitando que o exemplo encorajasse
outros delinquentes, e se criasse a esperança da impunidade.
Para
Ricardo e seus comparsas, tudo está dentro do planejado: em 120 dias
terá sua candidatura a prefeito registrada e ficará impedido de ser
preso até 31/12/2020, a não ser em flagrante delito. A Justiça, neste
período engajada no processo eleitoral, dificilmente terá tempo para
julgar um processo, que a cada dia fica mais extenso.
Fonte: Junior Gurgel
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