Assessora do deputado Wilson Santiago diz a Polícia Federal que poderá ser morta se falar sobre propinas
A
secretária parlamentar Evani Ramalho, lotada no gabinete do deputado
afastado Wilson Santiago (PTB/PB), foi gravada pela Polícia Federal em
conversa com o empresário George Ramalho na qual diz temer pela sua
vida. O áudio foi obtido pela Operação Pés de Barro, que apura o suposto
pagamento de mais de R$ 1,2 milhão em propinas resultantes do
superfaturamento de obras da Adutora Capivara, no sertão paraibano, e se
fundamenta na colaboração de George, empresário responsável pelo
repasse ilícito.
Evani é apontada como a ‘gerente de propinas’ do
esquema supostamente montado por Santiago e João Bosco Nonato Fernandes,
prefeito de Uiraúna que foi preso na Pés de Barro. De acordo com
representação da Polícia Federal, ela possuía ‘autonomia na articulação
dos pagamentos de propina’.
Evani dizia a George que eles deveriam
ter ‘cuidado’ na ação, e conjectura que seria obrigada a delatar os
políticos beneficiários da propina caso fosse pega pela polícia.
“Eu
tenho muito cuidado com isso. Por quê? Porque esse povo, na (inaudível)
que eu estou… Se me pega numa situação dessa e eu digo foi pra fulano e
pra sicrano… Tu acha que, pra fazer o mal a mim.”
Ela se refere a
Wilson Santiago – afastado do mandato em dezembro por ordem do ministro
Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal – e a João Bosco Nonato
Fernandes, filmado pela PF socando dinheiro de propina na cueca.
“Família de Bosco todinha. Eu morro de medo, não vou mentir”, confessa Evani.
CONFIRA A TRANSCRIÇÃO DA CONVERSA DE EVANI COM GEORGE:
EVANI:
eu tenho muito cuidado com isso. Por quê? Porque esse povo, na
(inaudível) que eu estou… Se me pega numa situação dessa e eu digo foi
pra fulano e pra sicrano… Tu acha que, pra fazer o mal a mim. É o que
tem que ter, uma pessoa de confiança. (inaudível) Coração vai na boca.
GEORGE: Eu sofro do coração todo dia.
EVANI:
(barulho de carro)… Família de Bosco todinha. Eu morro de medo, não vou
mentir… Tá viva não, se puder negócio comigo….Eu acredito pra ele
mandar fazer alguma coisa comigo… Eu entregando ele?!
GEORGE: se pegar ele vai dormir na cadeia.
EVANI: Se eu entregar eu morro.
GEORGE: não tem como você não entregar.
EVANI: Por isso que eu tenho medo.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUÍS HENRIQUE MACHADO
Quando
o ministro Celso de Mello, do Supremo, decretou o afastamento de Wilson
Santiago da Câmara, o advogado dele, Luís Henrique Machado, declarou:
“O
deputado Wilson Santiago recebe com respeito e acatamento a decisão do
Ministro Celso de Mello. Está absolutamente tranquilo e demonstrará, em
momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos
investigados.”
COM A PALAVRA, O DEPUTADO WILSON SANTIAGO
Quando o ministro Celso de Mello, do Supremo, decretou o seu afastamento da Câmara, Wilson Santiago declarou:
“Na
manhã de hoje fomos surpreendidos por Operação da Polícia Federal. A
operação em questão foi baseada na delação do empresário George Ramalho,
o qual foi preso em abril de 2019 na Operação Feudo. Segundo as
informações preliminares, o delator iniciou no segundo semestre de 2019 a
construção de um roteiro, que servisse como base para acordo que lhe
favorecesse na operação que foi alvo de prisão. O delator busca a todo
momento, construir relações que possam nos implicar de forma pessoal e
criminalizar o trabalho parlamentar.
Fica evidente, que o delator
usa um princípio jurídico que veio para ser um instrumento de promoção
de justiça, como artifício para favorecimento pessoal e evitar
condenação na Operação Feudo. Temos certeza que esse tipo ação criminosa
será coibida. Não podemos aceitar que a ação política fique refém
dessas práticas. Dessa forma, tomaremos as medidas cabíveis para que a
verdade venha à tona, com o esclarecimento das questões objeto da
investigação e nossos direitos sejam restabelecidos. Estamos a
disposição da Justiça para colaborar em todo o processo.”
COM A PALAVRA, JOÃO BOSCO
A reportagem busca contato com a defesa de João Bosco. O espaço está aberto para manifestações.
Fonte: Estadão

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