Vice-presidente Hamilton Mourão diz que Brasil tem que ser solução, não problema
Presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, durante Sessão Solene de posse dos novos dirigentes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região |
O
vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu uma atuação
“independente e pragmática” do Brasil no cenário internacional. Em
entrevista exclusiva à Empresa Brasil de Comunicação (EBC),
nesta sexta-feira (10), ele fez uma breve análise do panorama
geopolítico atual, reforçou a ideia de que o país deve buscar uma
inserção soberana e colaborativa com as demais nações.
“O
Brasil, tradicionalmente, sempre se voltou ao mundo de uma forma
independente e pragmática. Nós temos que ter essa visão de perseguir os
interesses do país. Costuma-se se dizer que, em relações internacionais,
não existem amizades eternas nem inimigos perpétuos, existem apenas os
nossos interesses. Essa é a visão que nós temos que continuar, buscando
uma inserção soberana do país, apresentando o Brasil como solução, e não
como problema, seja aqui no nosso entorno próximo, na América do Sul e,
ao mesmo tempo, com as grandes nações, como Estados Unidos, que nós
consideramos o grande farol da democracia, a China, nosso maior parceiro
comercial, a Comunidade Europeia, a Rússia e a África, não podemos
descuidar da África, um grande número de brasileiros veio de lá.”
Mourão
tem tido uma atuação de destaque como representante do governo
brasileiro em assuntos estratégicos da agenda internacional. Logo no
início do mandato, em fevereiro do ano passado, ele foi designado pelo
presidente Jair Bolsonaro para ser o principal representante do país na
reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, no auge do agravamento da crise
política na Venezuela. O Grupo de Lima reúne países das Américas para
tratar sobre as questões que envolvem o país vizinho.
Em
maio do mesmo ano, Mourão fez uma visita oficial à China,
onde reativou a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e
Cooperação (Cosban) e se reuniu com o presidente do país, Xi Jinping.
Essa viagem serviu como importante preparação para a visita do
presidente Bolsonaro ao país, alguns meses depois. O vice-presidente
também foi o principal integrante da comitiva de autoridades brasileiras
que foram ao Vaticano para assistir à cerimônia de canonização de Irmã
Dulce, em outubro de 2019, em que manteve um rápido encontro com o papa
Francisco. Mais recentemente, em dezembro, Mourão cumpriu outra missão
diplomática importante: foi o representante brasileiro na posse do novo
presidente da Argentina, Alberto Fernández.
Nas viagens que tem
feito, o vice-presidente brasileiro diz que tem percebido um conjunto de
mudanças estruturais em curso no mundo. “O cenário internacional não é
simples, porque estamos vivendo três revoluções no mundo. A revolução do
mais, que as pessoas passaram a ter mais acesso ao conhecimento, a
informações, e, ao ter mais acesso, elas também querem mais. Temos a
revolução da mobilidade, então as pessoas se deslocam mais facilmente,
viajam e conhecem coisas diferentes. E temos a revolução da mentalidade,
a juventude hoje mudou totalmente a sua mentalidade. O mundo enfrenta
isso daí, gera intranquilidades e, ao mesmo tempo, existem as tensões
sociais e econômicas, entre duas grandes economias, como a China e os
Estados Unidos, com reflexos nos demais países e comunidades, digamos
assim.”
Ajuste fiscal e reformas
Hamilton Mourão fez um balanço do primeiro ano do governo Bolsonaro, em
que destacou principalmente a aprovação da reforma da Previdência, que
é, na sua opinião, base para a recuperação econômica do país. Ele também
citou a reorganização administrativa do governo e a redução dos índices
de criminalidade. “Tivemos um enxugamento da Esplanada dos Ministérios,
não é simples você reduzir de 29 para 22 ministérios, como foi feito.
Nós temos dificuldades de reestruturação disso aí. Ao mesmo tempo, a
questão da segurança pública também foi colocada de forma primordial, o
trabalho do ministro [da Segurança Pública, Sergio] Moro, da equipe
dele, em conjunto com os governos estaduais, levou a que os resultados
fossem extremamente expressivos.”
Para
2020, o vice-presidente enfatizou a necessidade de aprofundamento das
reformas e privatizações pretendidas pelo governo, além da continuidade
do ajuste fiscal. “Na questão da economia, onde nós temos dois problemas
sérios que têm ser enfrentados. Começou o ano passado, mas essa tarefa
continua. Um é o ajuste fiscal, temos que trabalhar em cima da reforma
administrativa, em cima das privatizações das empresas estatais, de modo
que a gente consiga colocar receita e despesa equilibradas e, em
consequência, o governo ter condições de investir em áreas onde hoje ele
não tem condições de fazer. Ao mesmo tempo, temos que atacar na questão
da baixa produtividade, fruto daquilo que é chamado custo Brasil. E aí
entram os projetos na área de infraestrutura, por meio de parcerias
público-privadas, as concessões que têm que ser feitas e,
principalmente, a reforma tributária”, afirmou.
Outra prioridade
do governo, segundo Mourão, deve ser a agenda social. Ele citou a
expectativa de reformulação de programas sociais do governo, como o
Bolsa Família, e a meta de buscar um salto de qualidade na
educação. “Temos que avançar na questão de uma educação de qualidade.
Vamos lembar que a gente já conseguiu, nos últimos anos, conseguir
colocar um grande número de crianças e jovens na escola, mas agora nós
temos que fazer com que essas crianças e jovens efetivamente aprendam.
Então, esse é o salto de qualidade que o Brasil tem que dar em termos
educacionais. E também nos programas sociais que atingem aquela
população que vive em situação de pobreza e extrema pobreza, que o
presidente está definindo aí junto com o ministro Onyx [Lorenzoni, da
Casa Civil] e os ministros ligados à área social.”
Fonte: Noticias ao minuto - Publicado por: Suedna Lima
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