Pentágono diz que matou general iraniano para evitar ataque aos Estados Unidos
O ataque
aéreo dos Estados Unidos que matou o comandante da força Quds do Irã,
Qassem Soleimani, teve como objetivo impedir futuros planos iranianos de
ataques e proteger cidadãos norte-americanos no Oriente Médio, informou
o Pentágono hoje.
A
ação atingiu um comboio de veículos perto do terminal de cargas do
aeroporto de Bagdá e matou ainda Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de
milícia do Iraque, e Naim Qassem, segundo na linha de comando do
Hezbollah no Líbano. Há relatos de outros mortos e feridos, mas
informações sobre quem ou quantos seriam não foram divulgadas.
“Sob
a ordem do presidente (Donald Trump), as Forças Armadas dos EUA agiram
defensivamente para proteger os cidadãos norte-americanos no exterior ao
matar Qassem Soleimani. Este ataque teve como objetivo impedir futuros
planos iranianos de ataque”, diz o comunicado do órgão americano.
De
acordo com o Pentágono, Soleimani “orquestrou” ataques em bases de
coalizão no Iraque ao longo dos últimos meses e aprovou os “ataques” na
embaixada dos EUA e Bagdá, ocorridos no início desta semana.
O
presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não comentou sobre a operação.
Ele apenas publicou uma imagem com a bandeira do país em sua conta no
Twitter.
Uma autoridade norte-americana, que falou na condição de anonimato,
disse que o Pentágono estava ciente da possibilidade de uma resposta
iraniana, enquanto autoridades militares estavam prontas para se
defender.
O senador democrata Chris Murphy disse que, embora
Soleimani fosse “um inimigo dos Estados Unidos”, o assassinato poderia
colocar mais norte-americanos em risco. “Uma das razões pelas quais
geralmente não matamos autoridades políticas estrangeiras é a crença de
que tal ação matará mais e não menos norte-americanos”, tuitou Murphy.
A
ex-embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki
Haley, disse que a morte de Soleimani “deve ser aplaudida por todos que
buscam paz e justiça”.
Antes do ataque, o secretário de Defesa dos
EUA, Mark Esper, afirmou que havia indícios de que o Irã ou forças que o
país apoia poderiam estar planejando ataques adicionais, alertando que o
“jogo mudou” e que é possível que os EUA tivessem que tomar medidas
preventivas para proteger vidas norte-americanas.
Horas após a
confirmação da morte de Soleimani, a embaixada dos Estados Unidos em
Bagdá, que na terça-feira foi alvo de um ataque por uma multidão
pró-Irã, recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque “imediatamente”.
A
representação diplomática pediu aos americanos no Iraque que deixem o
país “de avião enquanto é possível”, já que o bombardeio aconteceu no
aeroporto de Bagdá, ou “sigam para outros países por via terrestre”.
Irã fala em ‘vingança’; Iraque pede ‘moderação’
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif,
advertiu que o ataque por ordem do presidente dos EUA, Donald Trump, é
uma “escalada extremamente perigosa e imprudente.”
“Soleimani se
uniu a nossos irmãos mártires e nossa vingança sobre a América será
terrível”, tuitou Mohsen Rezai, um antigo chefe dos Guardiões da
Revolução, o exército ideológico da República Islâmica.
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali
Khamenei, se comprometeu a “vingar” a morte de Soleimani e decretou três
dias de luto nacional no país.
“O
martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes
anos (…) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e
uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com
seu sangue e a de outros mártires”, afirmou o aiatolá Khamenei em sua
conta no Twitter em farsi.
Khameni nomeou o vice de Qasem
Soleimani, o general Esmail Ghaani, como novo chefe das Forças Quds. O
programa da força “permanecerá inalterado em relação ao período de seu
antecessor”, afirmou o aiatolá.
O presidente iraniano, Hassan
Rohani, também prometeu vingança.”Não há nenhuma dúvida sobre o fato de
que a grande nação do Irã e as outras nações livres da região se
vingarão por este horrível crime dos Estados Unidos”, declarou Rohani em
um comunicado.
Já
o presidente do Iraque, Barham Salih, condenou o ataque aéreo dos
Estados Unidos que matou o chefe militar Abu Mahdi Al Muhandis, mas
pediu moderação a todas as partes.
“O Iraque deve colocar seu
interesse nacional em primeiro lugar e evitar as tragédias de um
conflito armado que afeta o país ao longo de quatro décadas”, disse ele
em comunicado.
Fonte: UOL - Publicado por: Fabricia Oliveira
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