Opinião: a soltura do ex-governador Ricardo Coutinho não o absolve das acusações - Por Eliabe Castor
A
soltura, liberdade, independência e não “morte” do ex-governador
Ricardo Coutinho (PSB) não o livra, em hipótese alguma, das acusações
robustas que pesam sobre a pessoa dele e dos seus ex-secretários,
políticos e empresários citados na Operação Calvário.
Entendo
perfeitamente a revolta dos que pregam e defendem de forma fervorosa a
prisão do socialista, e na mesma proporção assimilo os festejos dos que
congregam naquilo que ficou conhecido como “gestão girassol”.
Observei
toda a comoção das duas correntes de pensamento antagônicas após a
decisão do ministro do STJ, Napoleão Nunes, em despacho polêmico e
cercado pela obscuridade. O magistrado concedeu a soltura imediata do
ex-gestor no final da tarde de sábado.
E nessa miscelânea de
interpretações jurídicas diversas, teorias da conspiração, amor e ódio
cozido em um só caldeirão, partidários de Coutinho e adversários
ferrenhos esquecem algo óbvio. O curso das águas desse rio caudaloso de
nome Calvário não foi estancado.
Não existe represa capaz de
anular a fluidez processual, pois, mesmo valendo-se da experiência e
influência de Gilson Dipp, ex-ministro do STJ e advogado de Coutinho, o
ex-governador poderá retornar à cela a qualquer momento. Importante
frisar que o socialista foi “premiado” com a liberdade por meio de
liminar até que o mérito do habeas corpus seja julgado.
A relatora
do processo que vai decidir sobre o HC é a ministra do STJ Laurita Vaz.
Aliás, a magistrada negou habeas corpus a Coriolano Coutinho e a outros
quatro alvos da Operação Calvário, o que pode ser lido como um forte
indício que Ricardo Coutinho não terá “vida fácil” quando o mérito da
peça for julgado.
A mesma preocupação, para não dizer aflição,
paira sobre o advogado Francisco das Chagas, o administrador Davi
Clemente, a prefeita do Conde, Márcia Lucena, e para a ex-secretária de
Saúde do Estado, Cláudia Veras, todos beneficiados pelo mesmo expediente
emitido por Napoleão Nunes.
Em linhas gerais, sim, Ricardo
Coutinho está solto, como os ex-auxiliares que citei. Mas estar fora das
grades é uma coisa, provar que é inocente é algo completamente
diferente. Por isso, comemorações dos partidários do ex-governador, ou a
fúria dos que discordam da soltura é transitória.
O rio continua a
correr, e seu curso só é cessado quando o mesmo beija o mar. No caso da
Operação Calvário, e todos os expedientes que envolvem esse imbróglio
jurídico descomunal, apenas o trânsito em julgado determinará o destino
dos supostos envolvidos nos atos ilícitos que provocaram uma sangria
tortuosa na Saúde da Paraíba, colorindo de vermelho o boletim da
Educação paraibana.
E o jogo está nos primeiros minutos. Retóricas
mil virão, peripécias jurídicas serão utilizadas à exaustão, novas
delações serão paridas, provas ainda não reveladas virão à tona. E tudo e
todos já têm um endereço certo: o Supremo Tribunal Federal.
Eliabe Castor
PB Agora
Eliabe Castor
PB Agora
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