Em entrevista, Presidente Jair Bolsonaro diz que “Lula já é uma carta fora do baralho”
Em
entrevista para o programa “Poder em Foco” do SBT, exibida na madrugada
da última segunda-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
disse que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é “carta fora do
baralho” nas eleições de 2022.
Comentou também sobre a possível candidatura à reeleição, fez um
balanço sobre os aspectos positivos do seu primeiro ano de governo e
falou sobre a reforma tributária.
Ao
ser questionado sobre a influência do PT e do ex-presidente Lula nas
próximas eleições presidenciais, Bolsonaro disse que mesmo se o petista
continuar em liberdade ele está impossibilitado de disputar, porque já
está condenado.
“Ele não é cabo
eleitoral para mais ninguém. Quando eu andava pelo Brasil na
pré-campanha era recebido em aeroportos por milhares de pessoas”, disse.
“Agora o Lula nas suas poucas andanças é criticado e vaiado. Eu
acredito que o Lula já é uma carta fora do baralho”, completou.
Perguntado
se pretendia se candidatar à reeleição, Bolsonaro lembrou que durante a
campanha prometeu que abriria mão da candidatura se fosse realizada a
reforma política. “Como isso nós sabemos que não vai acontecer, se eu
estiver bem, eu disputo”, disse.
Ao fazer um balanço sobre o seu primeiro ano de governo o presidente falou que os aspectos positivos são os números. “Tivemos a menor taxa Selic que se podia imaginar (4,5%). O risco Brasil lá embaixo e uma inflação na média da projeção. Isso daí estimula as pessoas a investir”, disse Bolsonaro.
Completou falando que deve terminar o ano sem nenhum caso de corrupção e com mais ou menos 900 mil empregos criados.
“Para quem estava em uma taxa crescente de desemprego esses são números
muito auspiciosos”. Creditou também a melhora na economia à maior
confiança dos demais países no Brasil, que tem sido sinalizada com o
aumento dos investimentos.
O
presidente foi também questionado sobre a reforma tributária e a
proposta de reduzir os encargos na folha de pagamento das empresas.
Segundo ele, sem que o governo perca com isso, há a possibilidade de se
criar impostos, como a CPMF, desde que outros encargos sejam extintos.
“O
que eu tenho falado para o Paulo Guedes é para ele não falar em
reforma, mas em simplificação tributária”, concluiu o presidente.
LULA TENTA REVERTER CONDENAÇÃO
Embora
solto, Lula não foi inocentado. O ex-presidente foi condenado nos
casos do tríplex e do sítio e enquadrado da lei da ficha limpa,
sancionada pelo próprio Lula em 2010. A medida veta a disputa de
políticos cassados ou condenados em segunda instância.
O
petista ficou 580 dias preso após ser condenado por corrupção e lavagem
de dinheiro pelo caso do tríplex de Guarujá (SP), e foi solto no início
de novembro, um dia após o Supremo Tribunal Federal ter decidido que um
condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado. O novo
entendimento da corte alterou jurisprudência de 2016 que permitiu a
prisão de Lula.
Desde a sua soltura, o
petista tem adotado tom crítico a Lava Jato, ao ex-juiz e atual
ministro da Justiça Sergio Moro e prometido reorganizar a oposição. Uma
das promessas é fazer caravanas pelo país.
Apesar
de ainda não ter cravado pré-candidatura à presidência, em seus
discursos Lula tem se colocado como antagonista de Bolsonaro e defendido
a polarização política diante do governo.
A defesa de Lula afirma que Moro foi parcial no caso do tríplex e pede a anulação dos processos. A análise da suspeição do ministro está na Segunda Turma do STF e pode ocorrer no início de 2020.
No
entanto, ainda que o STF julgue que o então juiz não foi imparcial na
condução do processo, restaria ainda a condenação de Lula na segunda
instância no caso do sítio, por exemplo.
Neste
final de ano, Bolsonaro engajou-se na criação da Aliança pelo Brasil
após sair do PSL, partido ao qual se filiou para disputar as eleições de
2018. O partido já deu início à coleta de cadastro de eleitores. Em
média, o tempo que se leva para criar um partido é cerca de três anos e
meio.
O atual presidente procura
brechas na Justiça Eleitoral para a nova sigla disputar a eleição
municipal de 2020 e chegar à corrida presidencial de 2022 sem recursos
dos fundos partidário e eleitoral e sem tempo de rádio e TV.
Fonte: Folha de S. Paulo - Publicado por: Érika Soares
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