Mudança no texto reforma da Previdência é aprovada pelo plenário do Senado Federal
Governistas
não conseguiram impedir na noite desta terça-feira (1º) a aprovação
pelo plenário do Senado de um destaque (proposta de mudança no texto)
que reduz em R$ 76,4 bilhões a economia em dez anos com a reforma da
Previdência, segundo cálculo da equipe econômica do governo.
Apesar
de a maioria dos senadores (42) ter votado contra o destaque (30
votaram a favor), o quórum mínimo para manutenção do texto era de 49
votos. Mesmo assim, por se tratar de uma supressão, não exigirá a volta
da proposta para ser votada novamente na Câmara.
Antes da votação
de três dos dez destaques, os senadores aprovaram por 56 votos a 19 o
texto-base da reforma. Após a derrota com a aprovação do destaque,
proposto pela líder do Cidadania, Eliziane Gama (MA), o líder do
governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), pediu a suspensão da sessão, e
a maioria aprovou a continuidade nesta quarta-feira (2), em uma sessão
extraordinária marcada para as 11h.
Com a aprovação do destaque, a economia em dez anos prevista com a reforma passa de R$ 876 bilhões para R$ 800 bilhões.
Esse
destaque retirou do texto um trecho aprovado pela Câmara sobre abono
salarial. Assim, permanece a lei vigente. Atualmente, o abono é pago uma
vez ao ano para quem recebe até dois salários mínimos (R$ 1.996,00).
Segundo o texto aprovado pelos deputados, o pagamento do abono salarial
ficaria restrito aos trabalhadores de baixa renda, que ganham até R$
1.364,43.
Após a aprovação do destaque sobre o abono salarial, o
secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho,
disse que a mudança no texto não é boa para o país, mas que a decisão do
Congresso precisa ser respeitada.
“O governo hoje tem um déficit
de mais de R$ 9 bilhões no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). São
recursos que são retirados do Orçamento da União e, certamente,
desfalcam a saúde, a educação, a infraestrutura, ações sociais. E isso
vai continuar. Agora, é uma decisão soberana do Senado e nos cabe
respeitar”, afirmou Marinho. O FAT é a fonte de pagamento do abono.
Frustrado
com a derrota, o secretário reconheceu que os governistas precisam se
reorganizar para analisar os demais destaques. “Na hora que você tem uma
derrota como essa, é evidente que alguma coisa não está certa”,
lamentou.
Após o encerramento da sessão, o presidente do Senado,
Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que o governo precisava ter acompanhado
“atentamente” a votação do destaque.
“Acho que precisava ter um
controle mais próximo do governo com os senadores, pedindo para que os
senadores não saíssem do plenário. O quórum foi esvaziando. Eu tentei
alertar, fazendo uma pergunta sobre se a gente continuaria com as
votações. Mas, infelizmente, os senadores pediram que a gente
continuasse com a votação. E é isso. Ganha quem tem voto. Nesse caso, o
destaque foi vitorioso, porque o governo não teve os votos suficientes”,
declarou.
Mesmo assim, Alcolumbre disse que o cronograma da
reforma não vai atrasar. Segundo ele, a reforma estará concluída ainda
na primeira quinzena de outubro.
Líder do governo no Senado,
Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) lamentou a ausência, na votação do
destaque do abono, de senadores favoráveis à manutenção do texto.
“Prevaleceu
o sentimento dos parlamentares em relação à importância do abono
salarial como instrumento de fortalecimento da renda, sobretudo daqueles
que ganham até dois salários mínimos. Faltaram sete votos para que a
gente pudesse manter o texto do relator. Também registramos as ausências
de quatro parlamentares que tinham votos a favor da reforma”, declarou.
Na
avaliação do emedebista, a mudança gera um impacto “considerável”.
“Reduz a economia de R$ 870 bilhões para R$ 800 bilhões. Então é uma
redução considerável. Por isso que eu pedi para deixar os demais
destaques para amanhã [quarta, 2], para que haja uma reflexão da
necessidade de que se tenha essa compreensão de que o texto do senador
Tasso Jereissati precisa ser preservado”, disse.
Uma senadora
favorável à reforma disse ao G1 que, na avaliação dela, houve um erro de
estratégia do governo e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Para
essa parlamentar, a análise do destaque deveria ter sido adiada, pois o
governo não estava “seguro” se tinha votos suficientes para evitar
mudanças.
Fonte: G1 - Créditos: Polêmica Paraíba - Publicado por: Adriany Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário