Óleo de barris encontrados em praias é o mesmo das manchas que poluem o Nordeste
O resultado contradiz avaliação feita pela Marinha na quinta-feira (10) de que não se tratava do mesmo óleo.
Antes
disso, a Petrobras entregou ao governo federal um relatório sigiloso
informando que o material das manchas não é de origem brasileira e
contém, na realidade, as características do petróleo extraído na
Venezuela.
O fato de esse petróleo ser o mesmo descoberto dentro
de barris trazidos pelo mar para o litoral de Sergipe pode ser a
primeira pista concreta da origem do vazamento que já contaminou 71
municípios nordestinos, afetando o turismo e a vida marinha.
Os
barris contêm inscrições e etiquetas que podem ajudar a identificar a
embarcação de onde caiu ou foi despejado o petróleo que causou um
desastre ecológico no litoral brasileiro.
Os barris contêm a inscrição “Argina S3 30”, um lubrificante da marca
Shell, além de etiquetas da multinacional de petróleo. Como o que havia
dentro deles era óleo cru e não lubrificante, os investigadores
acreditam que apenas foram reaproveitados pela empresa que fazia o
transporte do óleo venezuelano.
Em
um dos tonéis, a etiqueta indica que a última vez em que ele foi usado
para transportar o lubrificante da Shell foi em 17 de fevereiro de 2019.
Outras inscrições que aparecem, escritas à mão, nos barris é a palavra “ekata” e a expressão “dirty bilge”.
“Dirty
bilge” é o nome que se dá, em inglês, à água suja que se acumula nos
porões dos navios, em geral contaminada por resíduos e óleos das
máquinas. Uma das primeiras hipóteses que surgiram para explicar as
manchas de petróleo era a de que se tratavam do resultado da limpeza de
tanques ou do porão de um navio.
“Ekata”
é uma palavra em hindu que significa “solidariedade” ou ”
unidade”. Ekata — ou Ekta, como a palavra também é grafada — poderia ser
o nome do navio que transportava os barris.
O único petroleiro
com esse nome, porém, está com status “descomissionado (desativado) ou
perdido”, segundo o sistema de rastreamento de embarcações Marine
Traffic. Sua última posição conhecida era a do porto de Chittagong, em
Bangladesh, em 2017.
Empresas da Índia, de Singapura e de outros
países do Sul e do Sudeste Asiático estão entre as únicas que ainda
compram petróleo venezuelano, apesar das sanções impostas pelo governo
americano.
Geralmente, o transporte é feito pela estatal russa
Rosneft, com navios próprios ou alugados. Para burlar as sanções, muitos
petroleiros têm seus transponders desligados antes de aportar na
Venezuela. Dessa forma, sua rota não pode ser rastreada por satélite.
Como
já foi descrito neste blog, suspeita-se que os “sumiços” das
embarcações sejam uma tentativa de ocultar das autoridades americanas os
novos compradores do petróleo venezuelano. São os navios fantasmas do
petróleo venezuelano.
Estaria algum deles por trás do vazamento que contaminou o litoral nordestino?
Ainda
não se pode descartar nenhuma possibilidade. A Marinha havia
identificado 30 navios que podiam estar relacionados ao vazamento e
notificou seus responsáveis para obter informações para a investigação.
Na noite de sexta-feira (11), o número já havia caído para 2.
Com colaboração de Carlos Madeiro, de Maceió - Fonte: UOL - Créditos: Diogo Schelp - Publicado por: Ivyna Souto
Nenhum comentário:
Postar um comentário