Governo Federal planeja cobrar imposto para saques e depósitos em dinheiro
O
governo planeja em sua proposta de reforma tributária que saques e
depósitos em dinheiro sejam taxados com uma alíquota inicial de 0,4%. A
cobrança integra a ideia do imposto sobre pagamentos, que vem sendo
comparado à antiga CPMF.
Já
para pagamentos no débito e no crédito, a alíquota inicial estudada é
de 0,2% (para cada lado da operação, pagador e recebedor).
Ambas
as taxas tendem a crescer após serem criadas, já que ideia do governo
é usar o novo imposto para substituir gradualmente a tributação sobre os
salários, considerada pela equipe econômica como nociva para a geração
de empregos no país.
Marcelo de Sousa Silva, secretário especial
adjunto da Receita Federal, defendeu a contribuição nesta terça-feira
(10) no Fórum Nacional Tributário (promovido pelo sindicato dos
auditores fiscais, em Brasília), ao ressaltar que o
instrumento substituiria tanto a tributação sobre a folha como o IOF.
“Estamos
ano a ano com uma regressão percentual de pessoas empregadas
formalmente. E isso não pode ficar de fora da reforma tributária, porque
o impacto mais significativo [para o emprego] talvez seja a desoneração
sobre folha. Dentre todos os tributos no nosso ordenamento jurídico a
tributação sobre folha é o mais perverso para a geração de empregos”,
afirmou.
Apesar
de o governo rechaçar a semelhança com a antiga CPMF, ele próprio
acabou fazendo a comparação ao mostrar um gráfico com
o histórico relativamente estável das alíquotas de CPMF ao longo dos
anos em que vigorou, o que representaria uma previsibilidade para a
contribuição.
Silva afirmou que, com a substituição da tributação
sobre folha de pagamentos pelo novo imposto, a seguridade social
acabaria sendo bancada pela população como um todo. “Estamos
transferindo o ônus para toda a sociedade”, afirmou. Ele ressaltou logo
em seguida que a reforma vai propor, por outro lado, benefícios como
ampliação da faixa de isenções e reembolso de impostos à baixa renda.
O
presidente Jair Bolsonaro já havia afirmado neste mês à Folha que a
recriação de um imposto nos moldes da antiga CPMF deve ser condicionada a
uma compensação para a população. “Já falei para o Guedes: para ter
nova CPMF, tem que ter uma compensação para as pessoas. Se não, ele vai
tomar porrada até de mim”, disse o presidente.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira
(10) que tema tem muita dificuldade de andar na Câmara e que estava
esperando a formalização da proposta.
“A CPMF tem pouco apoio
entre aqueles que conhecem a questão tributária, não sei se esse é o
melhor caminho para você resolver os custos com mão de obra”, afirmou.
“Nós entendemos a preocupação do governo. Acho que a intenção está
correta, mas não sei se a fórmula é a melhor.”
As mudanças devem
integrar a proposta de reforma tributária sendo elaborada pela equipe
econômica e que deve ser enviada ao Congresso. O plano do governo está
dividido em três pernas. Uma é justamente a criação do imposto sobre
pagamentos. Outra é a junção de diferentes impostos federais em um único
tributo sobre bens e serviços. E a terceira são as mudanças no imposto
de renda.
Segundo Silva, as propostas para o imposto de renda
devem ser concluídas pela equipe econômica ainda nesta semana. Pela
proposta, o Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) deve
diminuir de 34% para um percentual entre 20% e 25%.
No caso do
Imposto de Renda sobre Pessoas Físicas (IRPF), o governo planeja
aumentar a base tributária (ou seja, o número de pagadores de impostos)
entre os mais ricos. De acordo com o secretário, isso será alcançado com
a própria tributação de dividendos, criação de um limite para
benefícios de portadores de moléstias graves redução de descontos e
revisão sobre aplicações financeiras.
Com
as mudanças no imposto de renda, o governo defende que haverá a
correção de um problema existente hoje, quando a curva da chamada
alíquota efetiva (o percentual em impostos realmente cobrado do
contribuinte) cresce até determinada faixa salarial e depois começa a
cair entre os mais ricos. “Temos que fazer a curva continuar até as
altas rendas. Hoje [a arrecadação] está concentrada nas primeiras
faixas”, disse.
O secretário ainda indicou que a fusão de impostos
deve começar apenas com a junção de PIS e Cofins, que virariam a
Contribuição sobre Bens e Serviços. A alíquota proposta será de 11%.
Fonte: Folha de S.Paulo - Publicado por: Gerlane Neto
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