Governo anuncia 'saque-aniversário' do Fundo de Garantia sobre Tempo de Serviço para 2020
O governo também informou que autorizará retiradas do PIS/Pasep
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BRASÍLIA, DF
(FOLHAPRESS) - Após idas e vindas de cálculos, o governo anunciou nesta
quarta-feira (24) um novo modelo que permitirá que trabalhadores façam
saques anuais das contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço).
As regras vigentes foram alteradas por meio de uma medida
provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante
cerimônia no Palácio do Planalto.
O governo também informou que
autorizará retiradas do PIS/Pasep. No total, a MP permitirá saques de R$
63,2 bilhões até 2020, sendo R$ 23,2 bilhões de PIS/Pasep e R$ 40
bilhões de contas do FGTS, valor que ficou R$ 2 bilhões abaixo da
previsão dada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) na véspera.
Ao
anunciar a medida, Bolsonaro associou a liberação do dinheiro ao
consumo. "Estamos devolvendo aos trabalhadores o direito de consumir.
Todos serão contemplados com a medida", disse.
O presidente também
apontou a iniciativa como uma saída para os brasileiros endividados. O
sistema de saques valerá tanto para contas ativas (ligadas a contratos
de trabalho ainda vigentes) quanto para inativas (de contratos de
trabalho já encerrados).
O novo modelo será dividido em duas
etapas. A primeira delas, válida entre setembro deste ano e março de
2020, vai liberar saques de até R$ 500 por conta. Todos os trabalhadores
terão direito a esse valor.Para os que tiverem mais de uma conta, será
possível retirar até esse limite de cada uma delas. Ou seja, o que tiver
três contas terá o direito de resgatar até R$ 1.500, e o que tiver
quatro reservas terá como teto R$ 2.000, e assim por diante.
A
partir de abril do ano que vem, entrará em vigor o "saque-aniversário",
que poderá liberar resgates maiores, a depender do saldo dos cotistas. A
adesão será opcional.
Outra opção é o cotista permanecer no
sistema atual, chamado "saque-rescisão", mantendo as mesmas regras
vigentes hoje. Mas, se optar pelo novo modelo, ele poderá fazer
retiradas anuais de sua conta, em datas próximas ao seu mês de
aniversário.
Para isso, a contrapartida é abrir mão do direito de
sacar todo o saldo em caso de demissão sem justa causa. Nesses casos,
ele poderá retirar apenas a multa de 40% paga pela empresa sobre o saldo
depositado na conta.
No
novo modelo, as outras formas de saque existentes hoje, como para
compra do primeiro imóvel e doenças graves, continuam em vigor.
No saque-aniversário, cotistas com saldo menor poderão retirar anualmente percentuais maiores das contas.
A
regra respeitará sete faixas, que permitirão o resgate de um percentual
sobre o saldo da conta mais um valor fixo. Os percentuais variam de
50%, para valores de até R$ 500, a 5%, para montantes superiores a R$ 20
mil.
O trabalhador que se arrepender de ter aderido ao
saque-aniversário terá o direito de voltar atrás. Para isso, antes de
retornar ao sistema de rescisão, precisará cumprir um prazo de carência
de dois anos, contados a partir do pedido de desistência.
A MP
permitirá que anualmente o governo faça uma recalibragem dos
percentuais, alterando as faixas de liberação. Essa mudança poderá ser
feita por ato do ministro da Economia, sem necessidade de passar pelo
Congresso.
Esse mecanismo foi acrescentado para que seja mantido o
equilíbrio entre os saques e a reserva do FGTS, usada para financiar o
setor de construção civil.
Caso
o beneficiado tenha poupança na Caixa, o saque será depositado
automaticamente em sua conta e não será necessário ir à agência. Os
clientes do banco que preferirem não retirar os recursos terão de
notificar a instituição.
Quem não tem conta na Caixa deverá seguir
um cronograma a ser divulgado pelo banco público. Para quem possui
Cartão Cidadão, o saque pode ser feito diretamente no caixa automático.
Resgates inferiores a R$ 100 poderão ser realizados em casas lotéricas,
com exigência de apresentação de carteira de identidade e CPF.
Além
da liberação de saques anuais, o governo também anunciou que 100% do
lucro do fundo passará a ser distribuído aos trabalhadores.
Desde
2017, 50% do resultado obtido pelo FGTS é repassado às contas do
trabalhador. O cálculo leva em conta o lucro líquido alcançado no ano
anterior da distribuição. Agora, o valor será integralmente destinado
aos correntistas.
Em 2018, o lucro do fundo foi de aproximadamente R$ 12 bilhões, resultado que será integralmente repassado aos correntistas.
O
valor pago varia de acordo com o montante que o trabalhador possui em
conta. O cálculo é feito com base no saldo acumulado até dezembro do ano
anterior.
Em 2018, ainda sob a regra dos 50%, foi feito um
pagamento de R$ 17,20 para cada R$ 1.000 acumulados. Em média, os
trabalhadores receberam R$ 38 por conta.
A medida assinada nesta quinta também permitirá ao titular usar o
saldo como garantia para operações de crédito contratadas com
instituições financeiras. Com essa medida, diz o governo, os
trabalhadores terão acesso a crédito com taxas de juros mais atraentes.
Notícias ao Minuto
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