Ex capitão Cafu, jogador que mais jogou pela seleção brasileira, enfrenta dívidas milionárias
O ex-jogador teve vários imóveis e bens penhorado pela Justiça
© Arnd Wiegmann/Reuters
SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) - O ex-jogador Cafu, 49, enfrenta dívidas de várias
espécies e perdeu, no Tribunal de Justiça, cinco imóveis em pagamentos
para cobrir empréstimos milionários. Além desses bens, outros 15 imóveis
no nome dele e no nome de sua esposa, Regina, estão penhorados por
dívidas da Capi-Penta International Player, empresa, constituída em 2004
para gerenciar carreira de atletas, pertencente ao casal.
A companhia é cobrada por empréstimos que vão de R$ 1,1 milhão
a R$ 6 milhões. "É um problema particular meu. Posso dar meus imóveis,
meu carro, minha casa, posso dar o que quiser como pagamento de dívida",
afirmou Cafu à Folha de S.Paulo.
Todos os bens foram adquiridos
enquanto Cafu jogava futebol. Há pelo menos 32 imóveis. São apartamentos
de 55 a 293 metros quadrados em São Paulo e Alphaville, em Barueri, uma
casa, com mais de 2.000 metros quadrados, outra no litoral paulista, de
1.080 metros quadrados, e terrenos no interior. Um deles, em Mairinque,
tem 38 mil metros quadrados.
Cafu fez seu último jogo como atleta
profissional em 2008, no Milan. Ele estreou no futebol no São Paulo de
Telê Santana, depois de ter sido reprovado em nove peneiras. Bicampeão
mundial no clube paulista, vestiu ainda as camisas do Juventude,
Palmeiras e Roma. Ele é o atleta que mais jogou na seleção brasileira,
com 149 partidas, e esteve em três finais seguidas da Copa–1994, 1998 e
2002.
A Capi Penta é réu em um processo movido pela Vob Cred, uma
securitizadora que cobra R$ 5,275 milhões da empresa desde 2018. A Vob
baseia a cobrança numa escritura pública de confissão de dívida, com
garantia hipotecária do terreno de 38 mil metros quadrados na cidade de
Mairinque, adquirido por Cafu em 2005 por R$ 380 mil (R$ 793 mil
atuais). Procurada, a empresa não respondeu à reportagem.
Em
fevereiro deste ano, o juiz Bruno Paes Straforini, da 1ª Vara Cível de
Barueri, determinou o bloqueio do imóvel deste terreno e de mais 14
imóveis no nome de Cafu e Regina. Os bloqueios também são frutos de
cobranças em ações movidas por Valentim Osmar Barbizan,
diretor-administrativo da Vob Cred, no valor de R$ 2,691 milhões, e pelo
banco ABC Brasil, no valor de R$ 1 milhão. Nessa última, a instituição
financeira alerta a Justiça das dívidas fiscais de Cafu que, segundo
consta no processo, no final de 2017 já atingiam R$ 407 mil.
O ABC
Brasil não foi o único que acusou Cafu de inadimplência. O Banco
Industrial foi à Justiça por empréstimo de R$ 3,5 milhões. Como o
ex-atleta não quitou a quantia até a data prometida, em julho de 2017,
quatro meses após retirar o dinheiro, o ex-capitão da seleção passou a
ser cobrado em R$ 6 milhões, com os juros contratuais e honorários.
Além
dos imóveis penhorados e bloqueados, outros estão alienados em
empréstimo feito por Cafu. A matrícula de dois imóveis, com área total
de 1.080 metros próximos do mar em Peruíbe, estão alienados como
garantia de uma dívida de R$ 1 milhão com o banco Santander. O
ex-jogador terá que quitar esse valor com 96 parcelas mensais (até
outubro de 2023) de R$ 23,1 mil cada. Cafu adquiriu os imóveis, em
Peruíbe, em agosto de 2008 por R$ 1,4 milhão (R$ 2,9 milhões atuais).
A
Fundação Cafu, no jardim Irene, em São Paulo, está inscrita na Dívida
Ativa da União com R$ 857 mil. A Capi Penta está inscrita em R$ 598 mil e
o próprio Cafu (pessoa física) está sendo cobrado em R$ 235 mil na
dívida ativa.
Cafu atendeu a reportagem e disse que não iria falar
sobre a sua situação financeira e nem sobre a Capi Penta, principal
responsável pelas dívidas que penhoraram os imóveis.
O ex-capitão
da seleção disse que falaria apenas sobre a Fundação Cafu. A instituição
está com atividades suspensas enquanto, de acordo com Cafu, passa por
um processo de "reformulação geral, em termos de projetos e de
estatuto".
"Está fechada por um planejamento, é óbvio que estamos
com problemas financeiros [na Fundação]", afirmou Cafu. "A Fundação
custa R$ 150 mil por mês, e eu que tenho que mantê-la. Se você pesquisar
nos últimos anos, as empresas deixaram de investir no terceiro setor.
Estou batalhando para deixar nossa fundação em pé, mas isso requer
alguns sacrifícios."
Segundo o ex-atleta, a fundação oferece
atividades como dança, balé, coral, bateria e informática. Os problemas
na instituição se tornaram públicos em 2018, quando funcionários fizeram
greve.
O
ex-jogador rechaçou a palavra endividamento. "[Financeiramente] estou
tranquilo, não posso deixar minhas 950 crianças na rua, porque se eu
parar tudo o que estou fazendo hoje, levo minha vida tranquilo. Mas não
quero isso", disse o ex-jogador.
Sem jogar, Cafu segue envolvido com o futebol. Ele foi um dos membros
do Comitê Organizador Local da Copa América. Em junho, foi anunciado
pelo Comitê Organizador da Copa de 2022, no Qatar, como o embaixador no
Brasil.
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