Supremo Tribunal Federal ignora críticas e acerta compra de lagostas e vinhos por R$ 481 mil
O edital provocou desconforto entre ministros da Corte e indignação entre servidores do tribunal
© PixaBay
Mesmo com questionamentos do
Ministério Público e sendo alvo de uma ação popular, o Supremo Tribunal
Federal (STF) ignorou as críticas e decidiu acertar a compra de
medalhões de lagosta e vinhos importados - com premiação internacional -
para as refeições servidas aos seus integrantes e convidados. O valor
final do contrato ficou em R$ 481.720,88, de acordo com a assessoria do
STF.
Segundo o Estadão/Broadcast Político apurou, o edital provocou
desconforto entre ministros da Corte e indignação entre servidores do
tribunal. Um ministro disse reservadamente à reportagem que a compra não
foi previamente discutida pelos magistrados em sessão administrativa e,
portanto, não foi chancelada pelo colegiado. A licitação previa
originalmente gasto de até R$ 1,134 milhão.
Procurada, a
assessoria do tribunal informou que a licitação foi realizada
"observando todas as normas sobre o tema e tendo por base contrato com
especificações e características iguais ao firmado pelo Ministério das
Relações Exteriores e validado pelo TCU".
De acordo com o
tribunal, a empresa que ficou em primeiro lugar na licitação não pôde
ser vencedora porque tinha impedimento para contratar com a
Administração Pública. O contrato acabou com a Premier Eventos LTDA, que
apresentou o segundo menor preço.
A empresa, com sedes em
Brasília e Curitiba, já atuou na Copa das Confederações de 2013, na Copa
do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016,
eventos que foram sediados no Brasil. Em sua página oficial na internet,
a Premier diz que a "credibilidade e excelência" são as suas marcas.
Menu
O
menu exigido pela licitação do Supremo inclui desde a oferta de café da
manhã, passando pelo "brunch", almoço, jantar e coquetel. Na lista,
estão produtos para pratos como bobó de camarão, camarão à baiana e
"medalhões de lagosta". As lagostas devem ser servidas "com molho de
manteiga queimada".
A corte exigiu no edital que sejam colocados à
mesa pratos como bacalhau à Gomes de Sá, frigideira de siri, moqueca
(capixaba e baiana) e arroz de pato. O cardápio ainda traz vitela
assada, codornas assadas, carré de cordeiro, medalhões de filé e
"tournedos de filé".
Os vinhos exigiram um capítulo à parte no
edital. Se for tinto, tem de ser Tannat ou Assemblage, contendo esse
tipo de uva, de safra igual ou posterior a 2010 e que "tenha ganhado
pelo menos 4 (quatro) premiações internacionais". "O vinho, em sua
totalidade, deve ter sido envelhecido em barril de carvalho francês,
americano ou ambos, de primeiro uso, por período mínimo de 12 (doze)
meses."
Em janeiro, a Coluna do Estadão informou que o STF gastou R$
443.908,43 com a reforma no gabinete da Presidência da Corte. A obra
incluiu a substituição de carpete por piso frio e a instalação de um
chuveiro.
Notícias ao Minuto
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