Paraibano suspeito de construir prédios que desabaram no Rio de Janeiro viajou para a Paraíba no dia seguinte ao desastre
Cinco
dias depois do desabamento de dois prédios, na favela da Muzema, no
Itanhangá, a Polícia Civil passou a procurar José Bezerra de Lira, conhecido como
“Zé do Rolo” e “Zé Roleiro”. Ele seria o responsável pelas construções
que desabaram, deixando pelo menos 24 mortos. Através de anúncios na
internet, a polícia investiga a participação de outras pessoas que
possam estar envolvidas na venda de imóveis irregulares naquela região.
Segundo
um morador ouvido pelo DIA, “Zé do Rolo” é morador da favela do Rio das
Pedras, vizinha à Muzema. Ele mantém uma outra construção irregular na
localidade conhecida como “Areal” – trecho da favela do Rio das Pedras
que fica às margens da Lagoa da Tijuca. Ainda segundo este morador, que
pediu para não ser identificado, Zé teria viajado para a Paraíba no dia
seguinte à tragédia.
Segundo a Prefeitura, 16
prédios do Condomínio Figueiras do Itanhangá serão demolidos. Três deles
são vizinhos aos dois que desabaram.
Venda de imóveis envolve construtoras de amigos de milicianos
Conforme
o DIA já havia noticiado, os prédios que foram erguidos no Condomínio
Figueira do Itanhangá foram construídos em um esquema que envolve
milicianos e construtoras. Tudo isso sob a supervisão do chefe do grupo
paramilitar que domina a área da Zona Oeste do Rio, o major da PM Ronald
Paulo Alves Pereira, que está preso desde o início do ano. De acordo
com moradores, que preferem não se identificar temendo represálias, os
milicianos invadem os terrenos e passam para as construtoras de amigos. A
Polícia Civil já sabe que há construtoras contratadas pelos milicianos,
com nomes de construtores envolvidos nos empreendimentos.
“Dependendo do tamanho do terreno, a construtora entrega de quatro a cinco apartamentos naquele prédio”, disse um morador.
O major Ronald fica com parte das transações, que são feitas pelos “soldados”, como ele chama seus comparsas.
Dentre
as construtoras, duas se destacam: as dos irmãos Paulo e Danilo Ferro –
que moram no condomínio -, além das de Raimundo Carneiro e Roberto
Rodrigues. Roberto vendia os prédios nas redes sociais. Ele excluiu
todos os perfis de suas redes socais desde o desabamento. Os prédios que
desabaram teriam sido construídos por Raimundo.
“Eles são pedreiros e ficaram muito ricos desde que começaram a entrar nesse esquema”, o morador acrescentou.
Os
prédios que ruíram não estão oficialmente dentro do Condomínio Figueira
do Itanhangá. Moradores afirmam que eles ficam em um terreno ao lado,
mas uma rua foi aberta para que eles fosse integrados ao conjunto
residencial.
Nenhuma residência tem documento oficial da
prefeitura, que já avisou que as construções no local são irregulares.
Alguns moradores tentam a regularização de seus imóveis por usucapião
(posse pela utilização do imóvel por determinado tempo, contínuo e
incontestadamente).
O corretor dos prédios foi identificado pelo
nome de Valdecir. Um imóvel com três quatros, sala, cozinha, banheiro e
garagem é avaliado por ele em de R$ 160 mil.
“Antes do condomínio
existia uma pedreira na região e na área dos prédios havia um bambuzal.
Atrás, há uma ribanceira. Ali não tem como fazer uma fundação capaz de
aguentar essas construções”, acredita o morador.
Fonte: O Dia - Publicado por: Gerlane Neto
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