Peulo Guedes diz que fica no cargo se presidente e Congresso apoiarem agenda
'Vocês acham que vou brigar para ficar aqui?', afirmou ministro ao Senado

© Jefferson Rudy/Agência Senado
MARIANA CARNEIRO -
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Perguntado se ficaria no governo caso a
reforma da Previdência não seja aprovada, o ministro Paulo Guedes
(Economia) afirmou que não tem apego ao cargo e que fica "se o
presidente apoiar as coisas que podem resolver o Brasil".
"Acredito numa dinâmica virtuosa da nossa democracia. Tenho
certeza de que os partidos, em especial os poderes, cada um vai fazer o
seu papel. Em segundo lugar, se o presidente apoiar as coisas que podem
resolver o Brasil, estarei aqui. Agora se ou o presidente ou a Câmara,
ninguém quer aquilo, eu vou obstaculizar o trabalho dos senhores? De
forma alguma, voltarei para onde sempre estive".
O ministro afirmou, porém, que tampouco considera deixar o cargo na primeira derrota.
"Eu
venho para ajudar. Se o presidente não quer, se o Congresso não quer...
vocês acham que vou brigar para ficar aqui? Estou aqui para servi-los",
disse Guedes. "Agora se ninguém quiser o serviço, vai ser um prazer ter
tentado, não tenho apego ao cargo, como também não tenho inconsequência
e a irresponsabilidade de sair na primeira derrota, desistir".
A
pergunta foi feita pela senadora Eliziane Gama (PPS-MA) durante
audiência de Guedes na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), do Senado.
Em
seu discurso, ele defendeu a reforma da Previdência e voltou a defender
a redistribuição dos recursos, hoje centralizados na União, com estados
e municípios.
"A ideia é corrigir a hipetrofia do governo federal", afirmou o ministro.
Guedes
tem vendido a senadores reformar o pacto federativo, prevendo a
descentralização, desvinculação e densindexação dos orçamentos públicos.
"Deveríamos
examinar a conveniência de mandar o pacto federativo para o Senado",
disse. "Não é só para salvar este ano. Trata-se de redesenhar as
finanças publicas do Brasil, corrigindo o mal sistêmico que vem do
modelo econômico, com recursos excessivamente concentrados no governo
federal".
No dia seguinte à aprovação, na Câmara, de uma emenda
constitucional que engessa ainda mais o Orçamento federal, prevendo que
emendas parlamentares sejam consideradas despesas obrigatórias, Guedes
minimizou o tamanho desses gastos no Orçamento do governo.
Ele voltou a defender que a classe política deve "reassumir seu protagonismo".
"Em
qualquer lugar do mundo, a classe politica não disputa 0,2%, 0,4% do
Orçamento impositivo, que é um balãozinho de oxigênio para respirar mais
seus meses. O que se discute é o que vamos fazer com os orçamentos",
afirmou.
O ministro foi convidado a falar sobre a dívida da União
com estados no FEX (Auxílio Financeiro de Fomento das Exportações) e na
Lei Kandir (que compensa estados pela isenção de impostos a
exportadores).
A União reconhece uma dívida passada de R$ 39
bilhões com estados nessas duas contas, mas a previsão orçamentária de
repasse é de R$ 1,2 bilhão, o que gera insatisfação principalmente de
estados com forte atividade exportadora.
Guedes mencionou uma proposta, sem detalhá-la, que os estados teriam a
garantia de receber um valor "bem maior do que isso", com a mudança na
divisão dos recursos do petróleo.
Notícias ao Minuto
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