Em 2019, a Paraíba já registrou 10 casos de meningite, segundo dados da Secretaria de Saúde
Um processo inflamatório das meninges – tecido que
envolve o cérebro – causado pela bactéria Neisseria meningitidis foi o
que ocasionou a morte de Arthur Lula da Silva, 7 anos, neto do
ex-presidente do Brasil, Lula. A Paraíba já registrou este ano 10 casos
de meningite, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.
Em fevereiro, o vereador de Alagoa Grande, na região do Brejo
paraibano, Marcelo dos Santos Almeida, de 42 anos, morreu com a doença.
Para esclarecer sobre o assunto, o médico infectologista do Hapvida
João Pessoa, Fernando Chagas, fala sobre alguns pontos acerca dessa
doença que é tão temida.
“A meningite meningocócica é transmitida pela via respiratória e pode
levar a morte em pouco tempo pelo seu avanço rápido no corpo humano” e
alerta: “Quando apresentar algum sintoma da doença é importante iniciar o
tratamento imediatamente. Depois é que se investiga o tipo da
meningite”, diz.
A meningite do tipo bacteriana é motivo de muita preocupação pelos
especialistas. Os seus sintomas incluem febre alta, dor de cabeça e
rigidez do pescoço ou da nuca. Também é normal o paciente ter mal estar,
náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz) e confusão
mental. Conforme o quadro se desenvolve, acrescenta-se à lista
convulsão, delírio, tremor e coma. “Em alguns casos o paciente pode
ficar sem enxergar, sem ouvir e até perder membros do corpo dependendo
do avanço da enfermidade”, explica o infectologista.
Qualquer microrganismo pode infectar o local e causar a infecção
levando à meningite. Ou ainda entrar pelas meninges e causar uma
meningoencefalite, que é uma inflamação do próprio cérebro. “Outro
microorganismo que pode provocar a meningite é a bactéria streptococcus
pyogeneses, conhecida como pneumococo, que é uma bactéria que boa parte
da população possui na garganta e caindo no sistema sanguíneo e chegar
ao cérebro pode causar a meningite”, explica o especialista.
Fernando Chagas ressalta os cuidados necessários que podem combater a
transmissão da bactéria. “É importante ter cuidado com lugares
aglomerados em períodos de surtos da doença. Ao ter contato íntimo com
pessoas que tenham tido esse tipo de meningite é válido procurar
assistência médica para fazer o uso de medicamentos que matam a
bactéria. Além disso, lembrar sempre de manter os cuidados com a
higiene pessoal”.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico das meningites é feito por meio de uma punção em que se
faz retirada do líquido presente entre as meninges. Essa punção,
cerebroespinhal é feito na coluna. O tratamento da meningite bacteriana é
feito com antibióticos, associados ou não a corticóides e a internação
sempre é necessária.
Vacinas
Existem vacinas contra os sorotipos que causam a meningite
meningocócica, que são a A, B, C, W, Y. Porém, a única disponibilizada
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a do tipo C. Já as do tipo B e a
conjugada A, C, W, Y só é encontrada na rede privada.
Dados
A Paraíba já registrou este ano 10 casos de meningite, segundo dados
da Secretaria de Estado da Saúde. A doença foi detectada em pacientes de
João Pessoa, Campina Grande, Alcantil, Alagoa Grande, Catolé do Rocha e
Sousa. No ano passado, foram confirmados 38 casos da doença no Estado.
Em 2017, 50 registros foram realizados.
No ano passado foram registradas 1.072 ocorrências de doença
meningocócica no Brasil e 218 mortes. Em relação à meningite
pneumocócica, foram 934 ocorrências e 282 mortes. As causadas por outras
bactérias somaram 2.568 notificações e 316 óbitos. No caso da viral,
foram registrados 7.873 casos e 93 mortes. Já as meningites por outras
etiologias contabilizaram 624 ocorrências e 122. Os dados são do
Ministério da Saúde.
MaisPB
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