‘Eu queria ao menos um sepultamento digno’, diz irmão de desaparecido em rompimento de barragem
Foto: Divulgação de Corpo de Bombeiros |
Às
vésperas de completar uma semana do rompimento da barragem de
Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte, moradores que buscam
informações de desaparecidos ainda sofrem com a falta de dados. Eles
dizem que, desde a tragédia, a rotina é a mesma: ir diariamente à
Central de Informações para verificar possíveis atualizações. Mas à
medida que o tempo passa, a esperança diminui.
Antônio Carlos
Castro, supervisor de manutenção industrial, que trabalhava como
terceirizado na Vale, busca o genro, casado com a filha, e pai de duas
crianças de 6 e 2 anos.
“Tenho pouca esperança agora”, disse
Castro, sem esconder o desânimo. “Ele era mais do que um genro, era um
filho”, completou. “É duro. O cara formar, ter família, e ficar no
além.”
De acordo com Castro, a possibilidade de ocorrer um
acidente jamais passou pela cabeça de um funcionário seja terceirizado
ou da própria Vale. Segundo ele, a empresa era muito severa nos itens de
segurança, como luvas, máscaras e calçados. “Ninguém imaginava isso por
causa do regime da Vale que é de muita segurança.”
Sepultamento digno
A
exemplo de Castro, Adir Fernandes Ribas, técnico terceirizado da Vale,
procura informações sobre o irmão, que estava trabalhando no momento do
acidente. Ele disse que vai todos os dias em busca de informações, já
coletou material de DNA, entregou objetos pessoais do irmão para a
equipe responsável e foi até o Instituto Médico-Legal (IML).
“Eu
queria ao menos o corpo dele para fazer um sepultamento digno. É isso
que eu quero”, desabafou. “É só angústia, tem dias que recebo 200, 300
ligações de amigos, mas até agora nada”, acrescentou. “É muita
tristeza”, disse.
Castro e Ribas foram hoje ao posto de cadastro
montado pela Vale para inscrição de famílias atingidas pela tragédia.
Cada família receberá da empresa o valor de R$ 100 mil por pessoa
desaparecida ou morta.
Agência Brasil
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