Tristeza e desespero: ciência diz que o luto pelo falecimento de um ente querido pode matar
O luto impulsiona e intensifica a depressão, que por sua vez pode diminuir a resistência do corpo e causar o aparecimento de processos inflamatórios
© Eric Ward / Unsplash (foto ilustrativa)
Apesar da morte de um ente
querido se tratar em muitos casos de um dos episódios mais traumáticos
que o ser humano pode passar, o luto tem que ser devidamente
experienciado, para ser ultrapassado.
No entanto, é necessário e recomendável ter acompanhamento
psicológico para que o sofrimento não implique ainda riscos maiores,
tendo em conta que um estudo divulgado na publicação ScienceAlert afirma que o momento trágico pode levar inadvertidamente à morte do individuo que sofre a perda.
A pesquisa salienta que os idosos são os mais afetados, principalmente quando são casados e perdem o parceiro de décadas.
Isso
acontece porque o sofrimento que o luto acarreta provoca uma maior
incidência de problemas cardiovasculares e processos inflamatórios no corpo.
De
modo a comprovar essa teoria, uma equipe de pesquisadores da Rice
University, nos Estados Unidos, liderados pelo cientista Chris Fagundes,
analisou 99 indivíduos que tinham perdido um cônjuge há menos de três
meses.
Por que isso ocorre?
De acordo com os acadêmicos, o luto pode desencadear a depressão, o que por sua vez aumenta os processos inflamatórios do corpo, aumentando o riscos de ataque cardíaco e de morte prematura.
Para
efeitos da pesquisa, os cientistas entrevistaram os participantes, os
dividiram de acordo com a gravidade do seu estado mental. Em seguida,
coletaram amostras de sangue aos voluntários. Quem estava passando por um luto mais severo apresentava maiores níveis de citocina pró-inflamatória no corpo, ou seja, de proteínas que agravam as inflamações que afetam o organismo.
Segundo
o mesmo estudo, o aumento dessas proteínas no corpo corresponde a um
risco 17% maior de ocorrência de processos inflamatórios.
Próximos passos para a ciência
"Agora
que detectamos essa relação, podemos começar a desenvolver medidas de
intervenção para ajudar quem está vivendo um luto particularmente
difícil. Podemos intervir com tratamentos comportamentais ou
farmacológicos", explica Chris Fagundes, autor do estudo, em uma
entrevista ao periódico científico Psychoneuroendocrinology.
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