Consumidores pagarão R$ 17 bilhões na conta de luz para cobrir subsídios do setor em 2019
A decisão foi tomada pela Aneel e o impacto médio na conta de luz será de 1,45%

© Pixabay
Os consumidores de
energia elétrica terão que pagar R$ 17,187 bilhões para cobrir o custo
dos subsídios do setor em 2019. O valor foi aprovado pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que seja possível cobrir o
orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), taxa embutida na
conta de luz que banca programas sociais, descontos tarifários e
empréstimos subsidiados para o setor.
O orçamento da CDE neste ano deve somar R$ 20,208 bilhões, mas
o fundo setorial contará com fontes de receita próprias de R$ 3,021
bilhões. O déficit da conta, portanto, é de R$ 17,187 bilhões, que serão
repassados aos consumidores, por meio da conta de luz.
No
ano passado, o orçamento geral da CDE atingiu R$ 20,053 bilhões. Neste
ano, portanto, as despesas aumentariam em R$ 155 milhões, ou 1%.
Os
subsídios na conta de luz beneficiam diversos grupos de interesse. Na
prática, o consumidor residencial paga um valor adicional para permitir
que outros possam ter descontos tarifários. Todos os grupos beneficiados
têm seus descontos assegurados por lei ou decreto.
Para pagar a
CDE 2019, a Aneel prevê que as tarifas vão subir 1,45% em todo o País,
em média. Para clientes do Norte e Nordeste, a alta seria de cerca de
0,82%. Para os das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o aumento seria
de 1,74%.
Por nível de tensão, segundo a Aneel, no Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, os consumidores de alta tensão terão aumento de 2,37% nas
tarifas; os de média tensão, 1,78%; e os de baixa tensão, 1,30%. No
Norte e Nordeste, o impacto médio será de 1,25% na alta tensão; 0,72% na
média tensão; e 0,54% na baixa tensão.
Ainda
segundo a Aneel, consumidores cativos, atendidos pelas distribuidoras
de energia, sentirão impacto negativo de 0,2% na conta de luz, em média.
A
CDE é um fundo setorial que concede benefícios a diversos grupos, como a
tarifa social da baixa renda e o programa Luz para Todos; descontos
para diversos grupos, como agricultores, irrigantes e empresas de
saneamento; subsídios para produtores e consumidores de energias
renováveis; subsídios para a compra de carvão mineral; empréstimos
subsidiados para as distribuidoras da Eletrobras; compra de combustível
para usinas termelétricas em regiões isoladas, entre outros.
O
presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores (Abrace),
Edvaldo Alves de Santana, disse estar decepcionado em relação ao patamar
dos subsídios e cobrou uma postura mais ativa do órgão regulador sobre o
tema, com fiscalização sobre os beneficiários. A Abrace calculou que a
conta estava superestimada em R$ 8,5 bilhões.
"Se uma organização
pode moralizar a CDE, não tenho dúvida que é a Aneel, não o Tribunal de
Contas da União (TCU), governo ou Congresso", disse Santana. "Pelo menos
o orçamento de subsídios não cresceu tanto, mas o nosso questionamento
não era quanto ao impacto na conta de luz, mas sim se esse orçamento não
poderia reduzir mais."
Para
a indústria, o aumento será de cerca de 1,5%, segundo a Santana. Porém,
os valores variam conforme as distribuidoras e os clientes e, em alguns
casos, pode chegar a até 10% para os clientes de alta tensão no Sul,
Sudeste e Centro-Oeste.
O
diretor-geral da Aneel, André Pepitone, disse que os subsídios da CDE
são aprovados em lei e decretos e afirmou que o órgão regulador não tem
"discricionariedade" para reduzir o valor. Ele disse que cabe ao
Congresso Nacional discutir a necessidade de manutenção de subsídios que
incentivam a compra de energia de fontes renováveis, como eólicas e
solares, por exemplo.
"Hoje as renováveis já são fontes maturadas, mas recebem um subsídio
oneroso ao consumidor brasileiro, que já paga uma tarifa está muito
elevada", disse. Ainda segundo ele, a recomendação do grupo de trabalho
do governo sobre subsídios é extinguir, em até cinco anos, os subsídios
para agricultores, irrigantes e empresas de saneamento e de água. A
redução seria gradual, de 20% ao ano, mas teria que ser proposta e
aprovada, por meio de projeto de lei, à Câmara e ao Senado.
Notícias ao Minuto
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