Antônio Mariz abespinhou os Cunha Lima ao exonerar aliados logo após a posse
Acervo de Josélio Carneiro O
registro é histórico: a frase de um marizista exaltado, num restaurante
da orla marítima de João Pessoa, em abril de 1995, pontuando: “Agora,
sim, o governo Antônio Mariz tomou posse”. Referia-se a uma “canetada
explosiva” que foi desaguar no Diário Oficial do Estado, carregado de
atos de exoneração e nomeações para cargos influentes do segundo e
terceiro escalões. Alguns dos atos atingiram de chofre o grupo Cunha
Lima, causando reações de abespinhamento e rumores de rompimento. Uma
das vítimas do “jamegão” de Mariz foi Savigny Cunha Lima, filho do
ex-governador Ronaldo, na época eleito senador, então presidente da
PB-TUR. Savigny foi surpreendido com a designação de três novos
diretores daquela estatal, especialmente a de um deles, Heitor Cabral,
que havia liderado movimento junto ao trade turístico para desalojar o
filho de Ronaldo da presidência. Heitor conseguiu o objetivo por vias oblíquas: com sua nomeação,
levou Savigny a pedir exoneração do cargo. O governador Antônio Mariz,
conforme as versões que circularam durante o “imbróglio”, teria rasgado a
carta de exoneração que Savigny lhe entregou numa audiência na granja
Santana, asseverando que desejava a sua permanência. Savigny manteve-se
irredutível mas o pai e poeta Ronaldo, embora negando rompimento com
Mariz, ironizou num trocadilho: “Do governo não espero nomeações. Espero
que ele nomeie ações”. Além de Savigny, outra figura então ligada ao
“clã” Cunha Lima fora abatida pela “canetada” e de forma até
deselegante: o então presidente da Fundação Espaço Cultural, Antonio
Alcântara. Soube da exoneração pelo “Diário Oficial”, quando se dirigiu
normalmente à mesa de trabalho. Já tinha lido o ato no “Diário” quando
foi alcançado por uma ligação do chefe de gabinete do Palácio, Cláudio
de Paiva Leite. Trocaram, então, um prosaico diálogo: – Antonio, algumas mudanças deverão ser feitas no Espaço Cultural. – Doutor Cláudio, eu já estou com o “Diário Oficial” nas mãos. Houve um silêncio constrangedor, com pedidos formais de desculpas e o
assunto morreu aí. De resto, o substituto de Alcântara já estava
chegando ao Espaço para assumir a vaga – o professor Itapuan
BottoTargino. Além de Alcântara fora exonerada a vice-presidente do
Espaço, Ana Elvira Raposo, substituída por Gilson Gondim, filho do
ex-governador Pedro Gondim. O “Exocet” marizista fez estragos, também,
na Saúde, em quiproquó envolvendo Paulo Montenegro, indicado pelo grupo
Pereira, e o deputado Gervásio Maia, adversário histórico dos Pereira na
região de Catolé do Rocha. Na PB-TUR, além de Heitor Cabral, foram
nomeados Geraldo Medeiros e Carlos Meira Trigueiro. Entrou na pendenga o
secretário de Indústria e Comércio, Arlindo Almeida. O “Correio da
Paraíba” insinuou que Savigny caíra por omissão de Arlindo, que não
teria comunicado ao governador a rusga entre o filho e Heitor Cabral. A
figura de maior destaque do “clã” Cunha Lima permanecia no governo – o
secretário de Administração, Arthur Cunha Lima, remanescente do período
Ronaldo-Cícero Lucena. Em meio ao vendaval sobressaíam duas
constatações: a formação do secretariado de Mariz tornara-se um parto
laborioso por ter de contemplar grupos políticos. Mariz socorreu-se de
“paciência chinesa” para administrar o contencioso. O rompimento dos
Cunha Lima em alto estilo com o governo veio a se dar com a investidura
de José Maranhão, no vácuo da morte de Antônio Mariz. Mas este é outro
capítulo. Polêmica Paraíba - Nonato Guedes - Publicado porLenilson Guedes
Nenhum comentário:
Postar um comentário