Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão contra Aécio Neves e irmã em Minas Gerais
A procura de documentos faz parte de operação baseada em delações de Joesley Batista e Ricardo Saud. Os executivos do grupo J&F relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador.
A Polícia Federal cumpre, na manhã desta
terça-feira (11), mandados de busca e apreensão no apartamento do
senador Aécio Neves (PSDB), na Região Centro-Sul da capital mineira, e
na casa da irmã dele, Andrea Neves, em Brumadinho, na Grande Belo
Horizonte. Há ordens judiciais também contra Frederico Pacheco, primo de
Aécio.
A
Operação, batizada de Ross, cumpre total de 24 mandados de busca e
apreensão em oito estados e no Distrito Federal. São investigados os
crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e
associação criminosa. Em Minas Gerais, são 13 mandados de busca – 11 na
Grande BH e dois em Cláudio, no interior do estado, onde a família do
tucano tem um sítio.
A
PF chegou a fazer um pedido de mandado de busca e apreensão contra o
senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), mas a solicitação foi negada pela
Justiça.
O
advogado Alberto Zacharias Toron, que representa Aécio, afirmou que o
senador sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos
necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos.
Policiais
federais chegaram por volta de 6h em um dos imóveis do senador Aécio
Neves, um prédio no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo
Horizonte. Segundo vizinhos, os policiais chegaram em viaturas
descaracterizadas e entraram no local. Um pouco antes das 9h, eles
saíram do apartamento carregando malotes.
A
corporação foi também ao condomínio onde vive Andrea Neves, em
Brumadinho. Andréa é considerada operadora do senador segundo as
investigações da Lava Jato. Ela foi presa pela PF em maio de 2017.
A
polícia também faz buscas em um imóvel do deputado federal e presidente
do Solidariedade Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, em São
Paulo. Os mandados fazem parte de uma operação que investiga também os
senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Anastasia e os deputados federais
Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
A
PF chegou fazer um pedido de mandado de busca e apreensão contra
Anastasia, mas a solicitação foi negada pela Justiça. Empresários que,
segundo promotores, emitiram notas fiscais frias para Aécio também são
alvos desta operação.
O advogado Ricardo Ferreira Melo, que defende Pacheco, foi contatado e o G1 aguarda
um retorno. A reportagem está tentando contato com a defesa de
Cristiane Brasil e ligou para o telefone do deputado Paulinho da Força
por volta das 7h15. Ele atendeu, mas desligou.
Depoimentos em Brasília e em Belo Horizonte
Os
senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia serão ouvidos pela PF em
Brasília. Em Belo Horizonte, prestarão depoimento Andréa Neves,
Frederico Pacheco, Danilo de Castro, Waldyr Rocha Pena e Paulo
Vasconcelos.
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O senador Aécio Neves (PSDB-MG), em foto de novembro de 2017 — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/Arquivo
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Propina de R$ 110 milhões
A
procura de documentos faz parte de operação baseada em delações de
Joesley Batista e Ricardo Saud. Os executivos do grupo J&F relataram
repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves.
Suspeita-se que os valores eram recebidos através da simulação de
serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram
emitidas notas fiscais frias.
A
operação no Rio é braço de investida que ocorre simultaneamente em
Minas Gerais, São Paulo (capital e interior, com nove mandados),
Brasília, Bahia, Rio Grande do Norte, Tocantins, Amapá e Mato Grosso do
Sul. Decorre do inquérito 4519, que tem como relator, no Supremo
Tribunal Federal, o ministro Marco Aurélio Mello.
Segundo
a PF, o senador Aécio Neves comprou apoio político do Solidariedade,
por R$ 15 milhões, e empresários paulistas ajudaram com doações de
campanha e caixa 2, por meio de notas frias.
Veja abaixo a nota do advogado de Aécio Neves:
“O
Senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar todos os
esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos
os seus atos. É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos
delatores da JBS agora como propina são as contribuições eleitorais
feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça
Eleitoral. Somam-se a esses valores contribuições legais feitas a outros
partidos políticos. A medida é, portanto, desnecessária já que o
Senador é o maior interessado no esclarecimento de todos os fatos.” – Alberto Zacharias Toron
Fonte: g1.globo.com
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