Tribunal de Justiça bloqueia R$ 50 milhões das contas do médium João de Deus, suspeito de abusos sexuais
Marcelo Camargo/Agência Brasil |
O
Tribunal de Justiça determinou nesta quinta-feira (27) o bloqueio de R$
50 milhões das contas de João de Deus, segundo apurou a TV Anhanguera. O
médium está preso suspeito de abusar sexualmente de mulheres durante
atendimento espiritual em Abadiânia. Ele nega as acusações.
O
dinheiro será usado para reparação das vítimas, caso ele seja condenado
pelos crimes. O advogado de defesa, Alberto Toron, disse que não
recebeu qualquer informação sobre essa decisão.
Também
nesta quinta-feira, a Justiça concedeu a prisão domiciliar para o
médium João de Deus pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, mas ele
continuará preso por violação sexual. A defesa entrou com um pedido de
habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para esse crime.
Na
decisão, o juiz Wilson Safatle Faiad condiciona a prisão domiciliar a
algumas condições: fiança no valor de R$ 1 milhão, uso de tornozeleira
eletrônica, entregar o passaporte, e não estar preso por nenhum outro
crime.
João
de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à
Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo
Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia
em uma cela com outros quatro presos.
A
defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao Tribunal
de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Portanto, o
pedido foi feito a Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia
decidido até a madrugada desta quinta-feira (27). A procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de
Deus.
Investigações
Nesta quinta-feira
(27), uma mulher prestou depoimento ao Ministério Público informando ter
sido vítima do médium. Ao todo, a instituição já ouviu 79 mulheres e
recebeu mais de 600 notificações de abusos sexuais.
Os promotores preparam uma denúncia contra João de Deus por estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude.
“O
MP está trabalhando nesse momento na produção da primeira denúncia que
será oferecida. Essa denúncia, além de envolver o fato dessa vítima
concluída pela Polícia Civil, abarcará também outras três vítimas que
estão incluídas no procedimento de investigação criminal conduzido pelo
MP”, explicou a promotora Gabriella Clementino.
O
documento deve ser entregue à Justiça no máximo até domingo (30), prazo
legal estabelecido já que o médium está preso preventivamente. A
promotora disse à TV Anhanguera, no entanto, que pretende entregar a
denúncia até sexta-feira (28).
“Nós já temos trabalhos concretos, que identificaram provas suficientes para oferta de denúncias”, acrescentou.
Sobre essa denúncia, a defesa do médium explicou que aguarda serenamente a apresentação para só então se manifestar.
A
Polícia Civil pretende ouvir novamente João de Deus, preso suspeito de
abuso sexual, após analisar os materiais apreendidos na casa do médium e
também no centro onde ele fazia atendimentos espirituais, em Abadiânia.
Nos locais foram encontradas documentos, armas, pedras preciosas e R$
1,2 milhão dinheiro, inclusive estrangeiro. Ele sempre negou as
acusações feitas por diversas mulheres.
Segundo
o delegado Valdemir Pereira, titular da Delegacia Estadual de
Investigações Criminais (Deic), unidade que coordena as investigações
sobre esse caso, a corporação ainda faz perícia em todo o material,
inclusive plantas dos imóveis e deve questionar o médium sobre esses
itens.
“Temos
as plantas, mas ainda temos que ver quando esse porão foi construído,
se ele que mandou construir já com porão, se comprou a casa já com esses
espaços, quais os objetivos, tudo isso vai ser periciado primeiro para
então ouvi-lo. Ainda não há uma data para que isso aconteça”, explicou.
O
delegado explicou ainda que são investigadas também outras questões,
mas disse que não podia dar detalhes para não atrapalhar as
investigações.
Até
o momento, a polícia já ouviu 16 mulheres que relataram terem sido
abusadas pelo médium durante atendimentos espirituais. João de Deus foi
indiciado por um dos casos.
G1
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