Médium João de Deus é considerado foragido e entra na lista da Interpol
A classificação é dada pelo Ministério Público e pela Justiça

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, acusado de abuso sexual,
é considerado foragido e seu nome foi incluído na lista da Interpol. A
classificação é dada pelo Ministério Público e pela Justiça. O prazo para que ele se entregasse terminou às 14 horas deste sábado, 15.
A prisão preventiva de João de Deus havia sido autorizada no fim da manhã da sexta.
Depois da decisão, advogados do líder religioso iniciaram uma
negociação com a Polícia Civil. "Já foi concedido um prazo, buscas já
foram realizadas. Estão reunidos todos os elementos para que ele seja
considerado foragido da Justiça", disse o coordenador do Centro de Apoio
Operacional Criminal, Luciano Miranda Meireles.
Mais
cedo, a Secretaria de Segurança Pública havia emitido uma nota
informando que não havia prazo para que ele fosse considerado foragido.
O delegado geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida, que lidera as negociações com a defesa do médium, disse acreditar que ele não está em Goiás. O advogado de defesa de João de Deus assegurou que ele deverá se entregar, mas não disse quando.
Uma
das possibilidades é de que integrantes da Polícia Civil sejam
encaminhados até o local onde o médium está para que a prisão preventiva
seja formalizada. A intenção de advogados é preservar a imagem do
cliente. Uma vez preso, ele seria levado para Goiânia, onde faria o
interrogatório. "Será longo, detalhado. Há um grande número de relatos e
informações que precisam ser questionadas", afirmou o delegado geral.
Para o MP, são pequenas as chances de que ele se entregue neste sábado.
João
de Deus foi visto em público pela última vez nesta quarta, quando
visitou a Casa Dom Inácio de Loyola, onde faz os atendimentos. Em um
pronunciamento de poucos minutos, disse ser inocente e estar a disposição da Justiça.
Desde
que a prisão preventiva foi realizada, a Polícia Civil afirma já ter
procurado o médium em mais de 20 endereços. Na casa dele de Goiás, no
entanto, as buscas não foram feitas. Os endereços já investigados estão
sob sigilo. "Há pontos que também estão sendo vigiados", disse o
delegado geral.
A
Força Tarefa montada para investigar as denúncias de abuso sexual que
teriam sido cometidas pelo médium já reuniu mais de 330 relatos em
vários Estados do País. Mulheres que se dizem vítimas também se
apresentaram em seis países. João de Deus atende cerca de 10 mil pessoas
por mês, das quais 40% são estrangeiras. Os abusos teriam sido
cometidos depois do atendimento espiritual feito pelo médium.
As
mulheres relatam que, depois do atendimento em grupo, eram convidadas
para uma consulta individual, onde os abusos seriam cometidos. O
Ministério Público afirma ainda que quatro funcionários são suspeitos de
ter envolvimento nos crimes.
A mulher de João de Deus, Ana Keila
Teixeira, apareceu há pouco em público, durante uma festa de
distribuição de brinquedos para criança carentes de Abadiânia e pediu
que todos rezem para que a verdade prevaleça. A festa de distribuição de
brinquedos é realizada todos os anos. É um dos acontecimentos de
Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília, patrocinados pelo
médium. Um toldo é estendido em frente da casa do líder espiritual,
brinquedos são dispostos na rua. Depois do almoço, há distribuição de
bonecas, bolas e outros brinquedos.
Todos os anos, cerca de 2 mil pessoas participam do evento. Na edição
deste ano, no entanto, a movimentação está muito abaixo da média. Há,
neste momento, cerca de 200 pessoas no local, a maioria crianças. Ana
Keila não deu entrevistas.
Notícias ao Minuto com informações do Estadão Conteúdo
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