Presidente eleito Jair Bolsonaro impõe lei do silêncio no PSL; nada de grupos no WhatsApp
No caso de conversas pelo aplicativo de troca de mensagens, o presidente eleito recomendou que fossem evitados diálogos em grupo

© Adriano Machado / Reuters
Depois do desgaste gerado
pelo vazamento de um bate-boca no grupo de WhatsApp da bancada do PSL na
Câmara, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, impôs a parlamentares de
seu partido uma lei do silêncio.
Bolsonaro orientou os deputados e senadores eleitos pelo
partido a priorizarem debates presenciais. No caso de conversas pelo
aplicativo de troca de mensagens, recomendou que fossem evitados
diálogos em grupos.
"O presidente Jair Bolsonaro é contra a
criação de grupos de WhatsApp porque em um grupo existem diversas
pessoas e quando esses prints vazam ninguém sabe quem é que vazou.
Então, o ideal são conversas pessoais ou conversas de WhatsApp um com o
outro. Em caso de vazamento, sabe-se quem é que vazou", afirmou o
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do eleito.
A
declaração foi feita após reunião do futuro presidente com deputados e
senadores de seu partido, em Brasília. O encontro foi marcado depois
de Eduardo ter protagonizado na semana passada uma briga com a deputada
eleita Joice Hasselmann (SP).
Na conversa, o filho do presidente
eleito chama a deputada de "sonsa" e diz que ela tem "fama de louca".
Joice, por outro lado, o acusa de mandar "recadinhos infantis".
O
episódio foi mal visto por integrantes da transição e lideranças pediram
que os ânimos entre os deputados se acalmassem para não passarem a
imagem de que as brigas internas começaram antes mesmo do novo governo.
Na segunda, o futuro chefe da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, que é ex-presidente do PSL, pediu união.
"O
partido tem que estar unido, tem que haver conscientização de cada um. A
maioria dos eleitos foi eleito por iniciativa de Jair Bolsonaro. Se não
fosse a onda Jair Bolsonaro a grande maioria não teria sido eleita",
afirmou.
Na reunião desta quarta, Bolsonaro solicitou, segundo
Eduardo, "um pouquinho de serenidade aos candidatos [à liderança] para
não declarar voto para a presidência da Câmara, ou quaisquer outros
cargos, para sentirem um pouco o clima".
"As negociações na
Câmara, as articulações, ainda estão ocorrendo então mais para frente
terão visão mais clara de como proceder", disse o filho do eleito.
De
acordo com relatos dos presentes, houve uma orientação para que se
evitasse fazer transmissões ao vivo do encontro ou gravações da
conversa. Com forte atuação nas redes sociais e grande número de
seguidores é comum que aliados de Bolsonaro transmitam ao vivo as
reuniões do partido por meio das redes sociais, como foi feito ao longo
da campanha.
Assessores dos parlamentares também foram impedidos de participar da reunião, como forma de evitar vazamentos.
O
deputado Delegado Waldir (GO), até então vice-líder, foi aclamado líder
do PSL até fevereiro, quando a bancada deverá voltar a discutir o
posto. Eduardo Bolsonaro, que era líder, ficou na vice para se dedicar a
outras atividades, segundo disse, como filho do presidente eleito.
Segundo
relatos colhidos pela reportagem, Joice, que tenta se viabilizar como
líder, pediu que em fevereiro não se decida por aclamação, mas no voto.
Ela não apareceu publicamente após o encontro.
A deputada eleita
chegou quando outros parlamentares já estavam na sala. Havia uma cadeira
reservada a Eduardo Bolsonaro, na qual ela sentou. Eduardo chegou em
seguida e pegaram rapidamente outra cadeira para ele sentar, entre
Hasselman e o pai.
Delegado Waldir disse que a primeira missão que
lhe foi passada pelo governo "é segurar as pautas bombas, que têm
grande impacto financeiro". São elas projetos sobre securitização e
risco hidrológico.Também falaram o presidente do PSL e deputado, Luciano
Bivar, e o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni
(DEM-RS).
O PSL elegeu a segunda bancada da Câmara, com 52
deputados, atrás apenas do PT. No Senado, a legenda elegeu quatro
representantes, entre eles o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), que é
filho do presidente eleito.
Flavio foi o único senador eleito pelo
partido a não comparecer ao encontro. Ele veio a Brasília no início da
semana para participar da diplomação do pai, em cerimônia no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral). Ele voltou ao Rio com a família após o
evento.
O senador eleito tem evitado dar declarações públicas sobre o caso de um ex-assessor seu, o policial militar Fabrício Queiroz.
Um
relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) que
apontou movimentação atípica de Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão
entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Desde que a história
veio a público, na quinta-feira passada (6), o próprio Jair Bolsonaro
não falou com jornalistas em Brasília. Deu entrevistas apenas no Rio de
Janeiro, onde passou o final de semana.Desde o início da transição, o
eleito costumava falar com a imprensa com frequência no intervalo entre
reuniões.
Em paralelo à reunião de Bolsonaro com o PSL, a futura
primeira-dama, Michelle, e a ministra da Mulher, Família e Direitos
Humanos, Damares Alves, reuniram-se com representantes de movimentos que
cuidam de surdos e cegos. Michelle saiu em um momento para pedir para o
marido falar mais baixo porque estava atrapalhando a sua reunião.
Nesta
quarta-feira, Bolsonaro também se reuniu com a bancada do PP. O
deputado Arthur Lira, líder do partido na Câmara, disse que o PP não
definiu se fará parte da base do governo.
"O partido vai votar as matérias que julgar importantes para o país
sem nenhum tipo de entendimento de fazer parte da base do governo ou
não", afirmou Lira na saída. "Temos mais convergências que
divergências."
Política ao Minuto com informações da Folhapress
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