Jair Bolsonaro afirma que cortou relações com ex-assessor até que ele explique irregularidades ao Ministério Público
RIO
— O presidente eleito Jair Bolsonaro confirmou nesta sexta-feria o
repasse, por meio de cheques, do ex-assessor do deputado estadual e
senador eleito Flávio Bolsonaro , Fabrício José de Queiroz a Michelle
Bolsonaro, sua mulher. Em entrevista ao site “O Antagonista”, Bolsonaro
contou que diferentemente do que foi indicado pelo relatório do Conselho
de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ), anexado ao inquérito
da Operação Furna da Onça, não foram R$ 24 mil, e sim R$ 40 mil,
referentes ao pagamento de um dívida pessoal.
“Emprestei
dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele
estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se
acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser
retroagir um pouquinho mais, vai chegar nos R$ 40 mil”, disse a O
Antagonista.
“Eu podia ter botado na
minha conta. Foi para a conta da minha esposa, porque eu não tenho tempo
de sair. Essa é a história, nada além disso. Não quero esconder nada,
não é nossa intenção”, disse.
Bolsonaro
disse ainda que não registrou a operação financeira no imposto de
renda. O presidente eleito contou que se surpreendeu com a indicação de
uma movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, incompatível com
sua renda. Ele disse que cortou o contato com Queiroz até que ele se
explique para o Ministério Público.
De
acordo com o relatório do Coaf, que apontou movimentações financeiras
suspeitas de funcionários da Assembleia Legislativa do Estado do Rio
(Alerj), o ex-assessor movimentou R$ 1,2 milhão, no intervalo de um ano.
O
documento obtido pelo jornal “O Estado de São Paulo” mostra que as
transações foram informadas ao Coaf porque são “incompatíveis com o
patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a
capacidade financeira” de Fabrício José Carlos de Queiroz, que enquanto
assessor do gabinete de Flávio Bolsonaro até outubro deste ano recebia
um salário de R$ 8.517. Uma das transações listadas é o cheque de R$ 24
mil destinado à futura primeira-dama.
Ao
todo, o Coaf rastreou R$ 200 milhões em transações financeiras
envolvendo 22 funcionários da Alerj. A análise foi feita a pedido dos
procuradores que investigam o esquema de corrupção envolvendo deputados e
servidores da Assembleia. No início de novembro, sete deputados
estaduais foram presos sob suspeita de receberem propina de receberem
propina de empresários de ônibus para votarem a favor de temas de
interesse do setor e integrarem a base do governo de Sérgio Cabral.
Outros três parlamentares que já estavam presos foram alvos de novos
mandados de prisão.
Ao jornal “O
Estado de S. Paulo”, Fabrício José Carlos de Queiroz afirmou que
desconhecia o assunto. Flávio Bolsonaro disse, em nota, que o assessor
trabalhou com ele por mais de dez anos e sempre foi de “confiança”. O
deputado acrescentou que “nunca soube de algo que desabonasse sua
conduta”. Ele acrescentou que tem “certeza de que ele dará todos os
esclarecimentos”.
Bolsonaro falou
ainda que se surpreendeu com a identificação pelo Coaf de uma
movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz – incompatível com sua
renda. E disse que cortou o contato com o amigo até que ele se explique
para o Ministério Público.
Fonte: O GLOBO - Publicado por: Felipe Nunes
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