Região Nordeste perdeu cerca de 1 milhão de trabalhadores no campo de 2012 para 2017
Apesar de ainda ter a maior proporção do
país, o Nordeste teve também a maior queda no período. Considerando todo
o Brasil, os últimos dados mostram que 11,1% da população ocupada
trabalham em áreas rurais, um contingente de 8 milhões de pessoas.
Segundo a economista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE
Adriana Beringuy, esse movimento é observado desde 2012 e confirmado em
2017, com o Nordeste registrando a menor taxa da série para
trabalhadores em estabelecimentos rurais.
O Nordeste tem cada vez
menos pessoas em atividades como agricultura e pecuária, apesar de ainda
ser um montante importante. Ainda que haja essa queda ano após ano, a
ocupação nesses estabelecimentos em regiões como o Norte e o Nordeste é
extremamente importante. Essas atividades ocupam parte significativa dos
trabalhadores do país, ainda que esteja havendo tendência de queda”.
Na
Região Norte, a proporção de trabalhadores em fazenda, sítio, granja ou
chácara ficou em 18,7% no ano passado. No Centro-Oeste, ficou em 12,4%,
no Sul em 12,4% e o Sudeste tem 6,5% da população ocupada em
estabelecimentos do campo. Segundo Adriana, o Brasil teve queda de 274
mil pessoas nesses estabelecimentos de 2016 pra 2017, sendo que no
Nordeste a queda foi de 386 mil. O balanço nacional foi compensado pelo
crescimento de 133 mil no Sudeste.
Adriana explica que o trabalho
no campo tem incidência importante da agricultura familiar, com pequenos
estabelecimentos e de situações informais, que podem ter sido afetados
pela diminuição no financiamento do Programa de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) e também por fatores climáticos.
“São
pequenos agricultores que, muitas vezes, dependem de financiamento,
como o Pronaf, e nos últimos anos têm sido muito penalizados pela
questão da seca, que se acentuou na safra 2016/2017. Então, uma série de
fatores, tanto de recursos quanto climáticos, podem estar afetando a
fixação do trabalhador rural nesses pequenos estabelecimentos na Região
Nordeste”.
Cooperativas
O número de pessoas
ocupadas, como empregadores ou trabalhadores por conta própria
associados a cooperativas de trabalho ou produção, caiu para 5,8% em
2017, em comparação a 2012, quando a taxa era de 6,4%. A Região Sul tem a
maior proporção, com 10,3% das pessoas ocupadas associadas a
cooperativas. A menor taxa é a do Centro-Oeste, com 4,9%. Por sexo, 6,7%
dos homens estão nessa categoria de ocupação, ante 4,1% das mulheres.
De
acordo com a economista, a agricultura sempre teve taxas altas de
cooperativados, mas agora está na menor da série histórica, reflexo
também da diminuição do trabalho no campo.
“Associados à
cooperativa correspondem a menos de 6% dos empregadores e trabalhadores
por conta própria. Mas é uma atividade que está muito concentrada na
agricultura, cerca de 46% dos cooperativados estão em atividades
agrícolas. No Brasil esse percentual é 5,8%, mas na Região Sul chega a
10,3%. O predomínio é de Santa Catarina, que tem o maior percentual de
cooperativados no Brasil”.
Agência Brasil
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