Organização criminosa: Justiça abre ação contra ex-presidentes Lula e Dilma por 'quadrilhão'
Denúncia foi aceita por juiz da 10º Vara Federal do Distrito Federal

© REUTERS/ Ueslei Marcelino (Foto de arquivo)
O juiz Vallisney de
Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, aceitou nesta sexta-feira (23) denúncia contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff por organização criminosa. A decisão foi tomada no caso
referente ao chamado "quadrilhão do PT". Segundo a denúncia, apresentada
em setembro do ano passado pelo então procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal), os dois ex-mandatários
tiveram participação num esquema montado para coletar propinas de R$
1,48 bilhão entre 2002 e 2016.
As vantagens ilícitas teriam sido
pagas em contratos da Petrobras, do BNDES (Banco Nacional do
Desenvolvimento) e do Ministério do Planejamento.Também nesta sexta, o
magistrado recebeu as acusações contra os ex-ministros da Fazenda Guido
Mantega e Antonio Palocci Filho, atualmente preso, além do ex-tesoureiro
do PT João Vaccari Neto. Todos agora passam à condição de réus e vão
responder a uma ação penal.
Em
sua decisão, Oliveira não discorreu sobre a procedência das imputações,
o que só ocorrerá ao fim do processo. Ele argumentou que a denúncia é,
do ponto de vista formal, idônea e apta para que enseje uma ação
penal.Lula, Dilma e os demais réus têm agora 15 dias para apresentar
defesa prévia e arrolar testemunhas.
A denúncia original também
imputa à senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, ao marido
dela, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, e ao ex-ministro da
Secretaria de Comunicação Social e atual prefeito de Araraquara Edinho
Silva a participação em organização criminosa.
O processo relativo
aos três tramita em outras instâncias, pois Gleisi, como congressista, e
Edinho, hoje prefeito, têm foro especial.Janot sustenta que Lula, de
2002 até maio de 2016, foi o idealizador da suposta organização e o
responsável pelo desenho do sistema de arrecadação de propinas. Além
disso, segundo ele, em oito anos de mandato o ex-presidente "atuou
diretamente na negociação espúria em torno da nomeação de cargos
públicos com o fito de obter, de forma indevida, o apoio político
necessário junto ao PP e ao MDB para que seus interesses e do seu grupo
político fossem acolhidos no âmbito do Congresso Nacional".
A peça
de acusação diz que o petista negociou com empresas privadas dinheiro
para se eleger em 2002, compromissando-se a atender aos interesses delas
caso eleito. Uma vez no poder, teria entabulado, via Palocci, outras
"negociações ilícitas" para arrecadar mais propinas.
O
ex-procurador geral argumenta na ação que, após o fim de seu governo,
Lula continuou a exercer liderança do núcleo político da organização,
"em razão da forte influência que exercia sobre a então presidente
Dilma".
Janot afirma que Dilma passou a integrar o suposto grupo
criminoso ainda em 2003, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia.
Ela teria contribuído para que interesses privados fossem atendidos na
Petrobras, em troca de subornos.
Os crimes teriam continuado a
partir de 2011, quando ela assumiu a Presidência. O ex-procurador
destacou supostas negociações feitas pela petista com a Odebrecht para
financiamento de campanha. O caso foi delatado por executivos da
empreiteira.
Segundo a denúncia, a ex-presidente cobrava propinas
indiretamente do grupo, via Mantega e Edinho.Em sua decisão, Oliveira
destacou que Lula já é réu por organização criminosa na ação penal
relativa à Operação Janus. Para evitar que ele responda em dois
processos pelo mesmo crime, ele determinou que essa conduta específica
só será analisada na ação aberta nesta sexta.
A reportagem ainda não conseguiu contato com as defesas dos acusados.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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