terça-feira, 27 de novembro de 2018

Prefeita paraibana contrata empresa 'faz tudo' e é afastada do cargo

Prefeita afastada de Diamante gastou R$ 940 mil com empresa suspeita de fraude a licitação



diamenteA prefeita de Diamante, Carmelita de Lucena Mangueira (conhecida como ‘Carmelita de Odoniel’), gastou somente este ano mais de R$ 456 mil com uma empresa do tipo ‘faz tudo’, a Abílio Ferreira, contratada pela prefeitura para serviços que vão desde reformas, coleta de lixo a poda de árvores e pintura de parede. No ano passado, essa empresa recebeu R$ 492.285,01 dos cofres do Município. Carmelita foi afastada das funções por decisão do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), por crime de responsabilidade.
Entre as irregularidades, a Comissão de Combate aos Crimes de Responsabilidade e Improbidade Administrativa (CCrimp) constatou que a prefeita celebrou contrato, sem licitação, no valor aproximado de R$ 10 mil com a empresa de Abílio Ferreira para a realização de serviço de pintura da academia da cidade e que o Município pagou por serviços que não foram executados e os que foram feitos, tinham baixa qualidade.
A mesma empresa também venceu licitações complexas referentes a obras custeadas com recursos federais, como a construção de unidades básicas de saúde e creches, com verbas do Fundeb. Em inspeção, auditores contataram, no entanto, que as obras de construção de uma das unidades básicas de saúde estavam sendo executadas por dois operários sem qualquer vínculo formal com a empresa contratada pelo Município, o que demonstra a falta de capacidade técnica da mesma e fortes indícios de fraude à licitação. Esses fatos devem ser apurados pelo Ministério Público Federal.
Entre os serviços pagos à empresa, estão coleta de lixo, limpeza das artérias da zona urbana, poda de árvores,  capinação, limpeza de galerias pluviais, limpeza e manutenção da rede coletora de esgotos, recuperação, manutenção e pavimentação das ruas e travessas da sede do Município, reforma de escolas e de passagem molhada, pintura de PSF e até construção de uma praça no sítio Barra de Oitis.
A prefeita foi denunciada pela Procuradoria-Geral de Justiça por crime de responsabilidade previsto no Decreto-Lei 201/1967.
De acordo com a decisão proferida na semana passada pelo desembargador-relator, Carlos Martins Beltrão Filho, Carmelita está proibida de ter acesso ou frequentar a sede da prefeitura de Diamante, as secretarias municipais e a Comissão Permanente de Licitação, assim como também está proibida de se ausentar do Estado da Paraíba sem prévia autorização judicial. O descumprimento de qualquer das medidas cautelares impostas poderá ensejar a decretação de sua prisão preventiva.
A decisão também determina que a substituição da gestora deverá ser feita na forma da lei, oficiando-se ao presidente da Câmara de Vereadores do Município para que promova a posse do vice-prefeito, enquanto perdurarem os efeitos da medida cautelar de afastamento da prefeita.
A vice-prefeita deve assumir a prefeitura ainda nesta segunda-feira (26).
Além da prefeita, a Procuradoria-Geral de Justiça também denunciou 11 pessoas (entre empresários, parentes e aliados políticos de Carmelita) envolvidas em diversas irregularidades, que resultaram no desvio de recursos públicos do Erário do município do Sertão que possui um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano da Paraíba.
Foram denunciados os microempresários Maria Liani Leonardo, Abílio Ferreira Lima Neto, Francisco Raimundo Filho e Francineide Custódio Ferreira; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Imobiliárias e Condomínios do Distrito Federal, Afonso Lucas Rodrigues; Iara Débora Martins Silvino Xavier; Emanuella Thayaná de Lima Silva; Isabela Maria Gomes de Melo; Michele Badú de Sousa, Francisco Sabino Gomes e Alan Deivid Martins Gomes. Todos estão incursos no Decreto-Lei 201/1967 e no artigo 29 do Código Penal.
‘Servidores-fantasmas’  
A prefeita de Diamante também foi denunciada por desviar recursos públicos através da nomeação de ‘servidores fantasmas’, alguns deles residentes em outros estados da federação. É o caso de Afonso Lucas Rodrigues, que foi nomeado para o cargo de secretário municipal de Esportes, mesmo morando em Brasília e ocupando, desde 2016, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores em Imobiliárias e Condomínios do Distrito Federal. De acordo com o sistema Sagres do TCE-PB, mesmo residindo a mais de dois mil quilômetros de distância, Afonso recebeu, entre março e agosto de 2017, remuneração mensal de R$ 2,5 mil do Município de Diamante.
O mesmo aconteceu com Iara Débora, filha do chefe do gabinete da prefeita. Ela foi nomeada para o cargo de chefe de fiscalização de obras de Diamante, mesmo morando em Goiás. Entre fevereiro e setembro de 2017, Iara recebeu R$ 937,00 por mês para fiscalizar obras a mais de 2 mil quilômetros de distância.
Emanuella Thayná, que é casada com o neto da prefeita, também foi nomeada para o cargo de chefe do ensino pré-escolar, com remuneração mensal de R$ 1,8 mil, cargo que ocupou entre fevereiro e setembro de 2017, mesmo morando em João Pessoa.
Outra ‘servidora fantasma’ detectada nas investigações foi Isabela Maria, que mora na capital paraibana, mas conseguiu cumular indevidamente, entre outubro de 2017 e janeiro de 2018, os cargos de diretora de cadastro de benefícios do Instituto de Previdência de Diamante (com remuneração mensal de R$ 1,2 mil) e o de auxiliar administrativo da Superintendência de Transporte e Trânsito, apesar da distância de aproximadamente 500 quilômetros separando as duas cidades.
Michele Badú também foi nomeada pela prefeita para o cargo comissionado de diretora de Urbanismo de Diamante, recebendo remuneração mensal de R$ 1,2 mil, mesmo estudando odontologia em João Pessoa.
De acordo com a denúncia do MPPB, os servidores fantasmas conluiados com o desvio de recursos públicos foram afastados, em sua maioria, em setembro de 2017, das funções.
Portal do Curimataú

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