Jair Bolsonaro diz que se fosse Michel Temer vetaria reajuste de 16% para magistrados
'O Brasil está numa situação complicadíssima, a gente não suporta mais isso aí', declarou
© Adriano Machado / Reuters
O presidente eleito
Jair Bolsonaro afirmou que, se fosse o presidente Michel Temer, vetaria
o reajuste de 16% sobre o salário dos magistrados e da
Procuradoria-Geral da República com base na Lei de Responsabilidade
Fiscal.
A afirmação foi feita hoje (10) em entrevista a uma emissora
de televisão, cuja gravação foi publicada nas redes sociais de
Bolsonaro.
Questionado pelo repórter, o futuro presidente disse que, se a decisão estivesse em suas mãos, vetaria o aumento.
"Agora,
está nas mãos do presidente Temer, não sou o presidente Temer, mas se
fosse, acho que você sabe qual seria minha decisão. Não tem outro
caminho, no meu entender, até pela questão de dar exemplo. Eu falei
antes da votação que é inoportuno, o momento não é esse para discutir
esse assunto. O Brasil está numa situação complicadíssima, a gente não
suporta mais isso aí, mas a decisão não cabe a mim. Está nas mãos do
Temer. Eu, por enquanto, sou apenas o presidente eleito", disse.
Jair
Bolsonaro voltou a dizer que o STF "é a classe que mais ganha no
Brasil, a melhor aquinhoada", e que o reajuste do salário dificulta o
discurso a favor da reforma da Previdência. "E complica pra gente quando
você fala em reforma da Previdência, onde você vai tirar alguma coisa
dos mais pobres, você aceitar um reajuste como esse", afirmou.
O
presidente eleito descartou que o Congresso vote esse ano uma emenda
constitucional para alterar a Previdência, o que demandaria a suspensão
da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.
Bolsonaro
negou que vá usar a reforma da Previdência apresentada por Temer e
ressaltou que recebeu propostas de mudanças na legislação
infraconstitucional que já tramitam no Congresso, mas que só deve
apresentar uma proposta quando assumir o mandato.
"Se nós
bancarmos uma proposta dessa e formos derrotados [este ano], você abre
oportunidade para a velha política vir pra cima de nós. (...) Eu tenho
que começar o ano que vem com a nossa proposta e convencer os deputados e
senadores a votar a nossa proposta. E tem que ser de forma paulatina,
não pode querer resolver de uma hora para outra essas questões", disse.
Em
outro momento da entrevista, o presidente eleito disse que mudanças nas
regras da aposentadoria devem respeitar os direitos adquiridos dos
trabalhadores.
"Nós temos compromisso, temos contrato, as pessoas
começaram a trabalhar lá atrás, ou já trabalharam, tinham um contrato, e
você tem que cumpri-los, do contrário você perde a sua credibilidade",
afirmou.
Sobre a questão fiscal, afirmou que orientou sua equipe
econômica para aumentar a arrecadação sem elevar impostos. Disse, ainda,
que vai buscar maior abertura comercial para o país como forma de
estimular a economia.
"A situação é crítica. Eu apelo a todos. Nós
não queremos que o Brasil se transforme numa Grécia [que enfrentou
recentemente grave crise econômica]. E a tendência, se nada for feito, e
não tivermos a colaboração de todos, sem exceção, nós chegaremos a esse
ponto", afirmou.
Na entrevista, o presidente eleito fez um
balanço dos primeiros dias de transição de governo e as visitas
institucionais que realizou na última semana, como o encontro com o
presidente Temer, comandantes militares, o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Dias Toffoli e uma solenidade no Congresso Nacional,
além da visita na qual recebeu embaixadores de vários países.
Ao
comentar a indicação da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) para o
Ministério da Agricultura, ele observou o fato de atender uma demanda
da bancada do setor no Congresso Nacional.
"Pela primeira vez na história da Câmara, tivemos uma ministra
indicada pelos parlamentares do agronegócio e da agricultura familiar.
Geralmente, aquele ministério ficava com um partido e atendia apenas os
seus filiados", finalizou.
Notícias ao Minuto
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