Bolsonaro tem 58% dos votos válidos e mantém vantagem de 16 pontos sobre Haddad
SÃO
PAULO – A dois dias do segundo turno, o deputado federal Jair Bolsonaro
(PSL) mantém inalterada a vantagem que tinha há uma semana sobre o
ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial.
Segundo pesquisa XP/Ipespe realizada nos dias 23 e 24 de outubro, o
militar reformado tem 58% dos votos válidos, contra 42% do petista. O
levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o
código BR-08283/2018 e tem margem máxima de erro de 2,2 pontos
percentuais para cima ou para baixo.
Os
números são os mesmos da pesquisa divulgada pelo instituto na última
sexta-feira (19), o que reforça o favoritismo do parlamentar para o
próximo domingo (28), já que seu adversário teria que reduzir a
distância diariamente em mais de 8 pontos percentuais para virar o jogo,
movimento inédito nesta corrida presidencial. Considerando o total de
votos válidos no primeiro turno da eleição, Haddad precisaria
“converter” mais de 8,5 milhões de eleitores – o equivalente aos votos
válidos do Rio de Janeiro no último 7 de outubro – em apenas dois dias e
sem horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
A
atual vantagem de Bolsonaro é a mesma de quando essa simulação de
segundo turno começou a ser feita pela pesquisa XP/Ipespe, em meados de
julho. Naquela época, Haddad era apenas um nome cotado para substituir o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso após condenado por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na disputa e era desconhecido
por 27% do eleitorado. Hoje 10% dizem não conhecê-lo suficientemente, o
que, somado à falta de tempo, dificulta ainda mais qualquer poder de
reação.
O gráfico abaixo mostra a evolução do quadro de julho pra cá:
1) Cenário de segundo turno em votos válidos (desconsiderando brancos, nulos e indecisos)
Fonte: XP/Ipespe (BR-08283/2018) |
O
maior salto de Haddad nesta corrida eleitoral foi verificado uma semana
após a confirmação de sua candidatura no lugar de Lula, em meados de
setembro. Naquela situação, o ex-prefeito subiu 7,6 pontos percentuais
em votos válidos no cenário de primeiro turno em um intervalo de uma
semana, e foi alçado à segunda posição na disputa. Na semana seguinte,
em 26 de setembro, houve outro salto de 5,2 p.p. em votos válidos.
Desta
vez, o petista precisa crescer em 48 horas mais do que a soma daquele
período, missão ainda mais complexa quando se nota que Haddad conta com
índice de rejeição 11 p.p. superior ao de seu adversário (47% a 36%) e,
nos dados por segmentação, lidera somente entre os eleitores menos
escolarizados, mais pobres e do Nordeste. Em outras regiões, como Sul e
Centro-oeste, o ex-prefeito paulistano chega a ter menos da metade do
percentual de votos de Bolsonaro.
Considerando
o quadro geral em votos totais, a última pesquisa XP/Ipespe mostra
Bolsonaro com apoio de 51% dos eleitores, ao passo que Haddad conta com
37%. Votos em branco, nulos e eleitores indecisos somam 12%. A atual
diferença é apenas 1 ponto percentual menor do que a maior já registrada
no levantamento, há duas semanas. Em nenhum momento da disputa o
petista liderou por diferença superior à margem de erro.
Neste
momento, a contagem por votos totais também traz informações relevantes
sobre a disputa eleitoral, já que mostra o contingente de eleitores que
não apoiam nenhum dos candidatos e que poderiam fazer a diferença se
convencidos a escolher alguém, e permite comparações com as intenções de
voto em cada um.
No caso de uma
disputa tão polarizada, uma das estratégias possíveis ao candidato que
aparece atrás nas pesquisas é tentar avançar sobre este grupo. Contudo,
os resultados da pesquisa indicam que tal movimento, mesmo se exitoso,
teria efeitos limitados, dada a comparação entre o atual patamar desta
faixa do eleitorado e o histórico de pleitos anteriores. Ou seja, para
reverter o quadro atual Haddad teria que roubar votos do próprio
Bolsonaro.
O gráfico abaixo mostra a evolução da disputa em votos totais:
2) Cenário de segundo turno em votos totais (incluindo brancos, nulos e indecisos)
Fonte: XP/Ipespe (BR-08283/2018) |
Apesar
da inalteração no quadro geral, a nova pesquisa mostrou uma oscilação
positiva no percentual de eleitores que dizem não votar em Bolsonaro de
jeito nenhum. Em uma semana, tal grupo foi de 34% para 36% do eleitorado
em uma semana. Mesmo assim, ele é 23 p.p. menor do que o percentual
registrado três semanas antes. No caso de Haddad, observou-se uma queda
de 52% na última pesquisa para atuais 47%. Este é o índice mais baixo do
petista na série histórica, mas ainda é 11 p.p. superior ao de seu
adversário.
Movimentações também
foram vistas no quadro por segmentação. Neste caso, chama atenção o fato
de Bolsonaro ter alcançado 34% dos votos totais no Nordeste, 18 p.p.
atrás de seu adversário. É a melhor pontuação do deputado na região – a
única em que ele hoje perde. No Sudeste, sua vantagem é de 23 p.p.
O
militar reformado também aparece numericamente atrás os eleitores que
não concluíram o Ensino Fundamental (45% a 41%). A diferença configura
empate técnico neste recorte. Na semana passada, a vantagem de Haddad
entre esses eleitores era de 11 p.p. Entre eleitores das classes D e E
(com renda familiar mensal inferior a dois salários mínimos), a vantagem
também é do petista, mas por diferença dentro da margem de erro: 44% a
41%.
Entre os desempregados, os dois
aparecem com 44% dos votos válidos. O eleitorado feminino também mostra
uma disputa mais apertada, com Bolsonaro numericamente à frente por 46% a
42%, diferença dentro do limite da margem de erro da pesquisa.
Nas
demais faixas do eleitorado, o deputado leva vantagem. As maiores
diferenças são vistas nas regiões Sul (62% a 28%) e Centro-oeste (68% a
26%); entre os homens (57% a 33%); com Ensino Médio (57% a 32%); e de
classe C, com renda familiar mensal entre 2 e 5 salários mínimos (61% a
30%).
Mais detalhes estão no quadro comparativo abaixo:
Fonte: XP/Ipespe (BR-08283/2018)
|
Confira a série histórica das pesquisas XP/Ipespe
Metodologia
A
pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 23 e 24 de
outubro, e ouviu 2.000 entrevistados de todas as regiões do país. Os
questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores, com
aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas
estimuladas, e submetidos a verificação posterior em 20% dos casos. A
amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à
rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular,
sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade,
renda familiar etc.
O intervalo de
confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse
aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta
seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro
máxima, estabelecida em 2,2 pontos percentuais. O levantamento está
registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código
BR-08283/2018 e teve custo de R$ 60.000,00.
O
Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro
instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas
eleitorais, a partir de 1998. O instituto tem como presidente do
conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria
executiva, Marcela Montenegro.
Em
entrevista concedida ao InfoMoney em 12 de junho, Lavareda explicou as
diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e
defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto
por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos
sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações
bem feitas.
Fonte: Infomoney - Publicado por: Felipe Nunes
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