sexta-feira, 5 de outubro de 2018

O último adeus a um 'monumento da música francesa'

França se despede hoje de Charles Aznavour, falecido na última segunda-feira


Homenagem nacional ao cantor francês Charles Aznavour, falecido aos 94 anos, no Palais des Invalides em Paris, em 5 de outubro de 2018
Políticos, celebridades e fãs se reuniram nesta sexta-feira (5) para homenagear e dar seu último adeus a Charles Aznavour, um monumento da música francesa falecido na segunda-feira passada (1º), aos 94 anos.
O cantor francês mais conhecido no exterior recebeu uma homenagem nacional que uniu líderes da França, onde nasceu, e da Armênia, país de seus pais e com o qual manteve uma estreita ligação durante toda a vida.
Mais de 2.000 pessoas se reuniram desde cedo no Palais des Invalides, um complexo arquitetônico parisiense onde são realizadas as homenagens oficiais às grandes figuras francesas, como foi o caso de Simone Veil no ano passado.
Aznavour era “um dos rostos da França”, disse o presidente Emmanuel Macron durante o elogio fúnebre.
“Ao longo dos anos, esta presença, esta voz, esta entonação reconhecível entre todas se estabeleceu em nossas vidas, qualquer que fosse nossa condição, qualquer que fosse nossa idade”, acrescentou o presidente francês, saudando a memória de um artista que “sabia como fazer viver” a língua francesa.
Vários políticos estiveram presentes na cerimônia, incluindo os ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande, além de personalidades da música francesa, como Eddy Mitchell e Mireille Mathieu.
O presidente Emmanuel Macron também convidou para a homenagem o premiê armênio, Nikol Pashinian, e o presidente Armen Sarkissian, em referência às origens do cantor.
“Alguns heróis se tornam francesas derramando seu sangue. Este filho de imigrantes gregos e armênios, que nunca frequentou o Ensino Médio, sabia instintivamente que o nosso santuário mais sagrado é a língua francesa”, e a usou como o poeta que era, acrescentou Macron.
O primeiro-ministro armênio saudou, por sua vez, este “herói nacional que deu aos armênios uma nova razão para sentir orgulho”.
Na praça central de Yrevan, a capital da Armênia, as autoridades colocaram um telão para transmitir ao vivo a homenagem a um dos mais visíveis representantes da diáspora armênia.
“Todos nós sentimos a perda de Aznavour como a de um filho do país. Chorei muito. Mas hoje, ao ver as homenagens da França, meu coração se enche de orgulho”, declarou à AFP Anna Minasian, uma professora de 34 anos que veio com seus estudantes.
O artista recebeu uma ovação final, enquanto o caixão era carregado ao som de sua “Emmenez Moi”.
Muitos, em lágrimas, entoaram em seguida o refrão de “La Bohème”, como Kelly, uma fã de 20 anos que viajou do oeste da França para se despedir deste gigante da música francesa.
“Não poderia perder isso”, declarou à AFP. “Mesmo os jovens como eu conhecíamos e adorávamos as canções de Aznavour. Eu fui a um show seu em Nantes em janeiro. Estava bem”, acrescentou, visivelmente emocionada.
Após esta última homenagem, Aznavour será enterrado no sábado “na mais estrita intimidade” em Montfort-l’Amaury, cerca de 45 quilômetros ao oeste de Paris, onde repousam os pais do cantor e seu filho Patrick, falecido aos 25 anos.
A cerimônia está marcada para 13h00 (8h00 de Brasília).
Charles Aznavour, que vendeu mais de 180 milhões de discos em oito décadas de carreira, faleceu na madrugada de segunda-feira, após uma parada cardiorrespiratório em sua casa, em Alpilles, no sudeste da França.
Tinha acabado de voltar de uma turnê pelo Japão e se apresentaria em 26 de outubro em Bruxelas.
AFP

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