Ministério Público Federal denuncia Cunha, Geddel, Funaro e outros por fraude na Caixa e FGTS
Todos os acusados devem responder pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro; denúncias abrangem cinco empresas e 18 pessoas
O Ministério Público Federal
(MPF) apresentou ontem (4) quatro denúncias, no âmbito da Operação Cui
Bono, envolvendo cinco empresas e 18 pessoas, todas implicadas em
fraudes na liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal que somam
mais de R$ 3 bilhões. Também foram denunciados desvios em aportes do
Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
que é gerido pelo banco público.
Entre os denunciados estão o ex-deputado Eduardo Cunha e os
ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, bem como o
analista financeiro Lucio Funaro e o ex-vice-presidente da Caixa Fábio
Cleto. Todos os acusados devem responder pelos crimes de corrupção e
lavagem de dinheiro. As denúncias foram encaminhadas à 10ª Vara Federal
de Brasília, cujo titular é o juiz Vallisney de Souza Oliveira.
Segundo os procuradores responsáveis, empresários que buscavam
recursos junto à Caixa e o FGTS agiram em conluio com agentes públicos,
empregados da Caixa, e agentes políticos, que ocupavam cargos de direção
no banco. O esquema garantia vantagens indevidas às empresas mediante
pagamento de propina, usadas tanto para enriquecimento ilícito como para
caixa dois de campanha.
“O grupo dos empregados públicos era responsável por fornecer
informações privilegiadas aos agentes políticos e operadores financeiros
sobre o projeto apresentado pela empresa à Caixa. Cabia a eles também
agir internamente para beneficiar as empresas e/ou influenciar as
decisões dos comitês da Caixa ou do FGTS, para aprovar ou desaprovar a
concessão de empréstimos (ou os investimentos) às empresas requerentes”,
disse o MPF por meio de nota.
Os crimes teriam ocorrido entre 2011 e 2015, período no qual Geddel
Vieira Lima foi vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa. Outro
vice-presidente do banco acusado de participar do esquema, Cleto teria
sido indicado ao cargo por Cunha.
As investigações tiveram origem em mensagens encontradas no celular
Blackberry do ex-deputado Eduardo Cunha. O aparelho foi apreendido ainda
em 2015, no âmbito da Operação Lava Jato. Os dados deram origem às
operações Sépsis e Cui Bono, ambas tocadas pela força-tarefa denominada
Greenfield, pelo MPF.
Ex-operador financeiro de Cunha, o analista Lucio Funaro delatou o
esquema em acordo de colaboração premiada. Segundo ele, “o valor da
propina tinha como base um percentual sobre o valor liberado, em geral
3%, e a distribuição desse percentual girava em torno de 50% para
Geddel, 30% para Cunha e 20% para ele”, diz a nota do MPF.
“Até o momento, foi identificado o repasse de valores ilícitos, por
Lúcio Funaro, de R$ 89,5 milhões, no período de 2011 a 2015, a Eduardo
Cunha; R$ 17,9 milhões, no período de 2012 a 2015, a Geddel Vieira Lima;
e R$ 6,7 milhões, no período de 2012 a 2014, a Henrique Alves”,
acrescenta o texto.
Foram denunciados empresários e executivos ligados às empresas
Marfrig, Bertin, J&F e Grupo BR Vias e Oeste Sul Empreendimentos
Imobiliários. O MPF pede à Justiça que elassejam obrigadas a reparar o
dano superior a R$ 3 bilhões causado ao patrimônio público.
A Agência Brasil tenta contato com as companhias para comentar as acusações.
Confira abaixo a lista de denunciados pela Operação Cui Bono:
Geddel Vieira Lima
Eduardo Cunha
Fábio Cleto
Lúcio Bolonha Funaro
Henrique Eduardo Alves
Alexandre Margotto
Wellington Ferreira da Costa
Altair Alves Pinto
Sidney Szabo
Hugo Fernandes da Silva Neto
Eduardo Montagna de Assumpção
José Carlos Grubisch
Roberto Derziê de Sant’anna
Henrique Constantino
Natalino Bertin
Reinaldo Bertin
Silmar Bertin
Exame - Por Agência Brasil
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