General diz que, se Bolsonaro não for eleito, pode dizer que foi prejudicado por facada e PT reage
O chefe do Exército negou que Jair Bolsonaro seja o candidato das Forças Armadas e que o seu eventual governo venha a ser "militar".
As declarações do general foram dadas em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo - (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) |
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas,
disse que o ataque a Jair Bolsonaro (PSL) pode provocar futuramente
questionamentos à legitimidade do novo governo. "Por exemplo, em relação
a Bolsonaro, em ele não sendo eleito, ele pode dizer que prejudicaram a
campanha dele. E, sendo eleito, provavelmente será dito que ele foi
beneficiado pelo atentado, porque gerou comoção", afirmou. "Daí altera o
ritmo geral das coisas e é muito preocupante", completou.
As declarações do general foram dadas em entrevista exclusiva ao
jornal O Estado de S.Paulo, publicada neste domingo (9). Villas Boas
avaliou que a violência contra Bolsonaro "confirma que estamos
construindo dificuldades para que o novo governo tenha estabilidade para
sua governabilidade". Segundo ele, o ataque confirma ainda "a
intolerância generalizada e a falta de capacidade" de se colocar os
interesses do país "acima das questões políticas, ideológicas e
pessoais".
O chefe do Exército negou que Jair Bolsonaro seja o candidato das
Forças Armadas e que o seu eventual governo venha a ser "militar". Ele
destacou que as Forças Armadas são "apolíticas e apartidárias" e têm
compromisso com a estabilidade, qualquer que seja o governo eleito pelo
povo. "A instabilidade é que mobiliza nossa atuação", disse, citando
como exemplo a greve dos caminhoneiros.
O general Villas Boas defendeu ainda que os candidatos preguem a
harmonia em seus discursos. Ele apelou para que controvérsias jurídicas
não tirem a tranquilidade do processo eleitoral.
ONU e Lula
Villas Boas classificou como "invasão à soberania nacional" o parecer
da Comissao de Direitos Humanos da ONU em favor da candidatura de Lula
(PT), que teve seu registro negado pela Justiça Eleitoral. Afirmou, por
fim, que a Constituição e a Lei da Ficha Limpa valem para todos.
Insubordinação
Em nota divulgada neste domingo, o PT repudiou a entrevista do
general Villas Boas, classificando-a como “grave episódio de
insubordinação de um comandante das Forças Armadas ao papel que lhe foi
delimitado” pela Constituição.
Para o PT, a manifestação do general tem caráter político e visa
“tutelar as instituições republicanas”, mais especificamente o
Judiciário, “que ainda examina recursos processuais legítimos em relação
ao ex-presidente Lula”. Na nota, o partido convoca “as forças
democráticas do país" a condenar as declarações de Villas Boas.
Agência Brasil
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