domingo, 12 de agosto de 2018

Tráfico de drogas dentro da agência dos Correios

Professor mandava drogas em carta pelos Correios de Santo André, em São Paulo


Um professor que foi preso em flagrante por tráfico de drogas dentro da agência central dos Correios de Santo André, no ABC Paulista, enviou cartas com doses de LSD, maconha e MDMA, além de outras anfetaminas, para clientes em vários estados brasileiros por pelo menos seis meses.
Caio Fernando Rossi, 32 anos, foi detido na quarta-feira (4). Em audiência de custódia no fórum da cidade, a Justiça decidiu pela prisão preventiva do professor, que foi levado para Centro de Detenção Provisória de Santo André.
Depois de preso, o professor informou aos policiais militares e civis que usava a estratégia de comercializar drogas por correspondências para todo o Brasil havia cerca de seis meses, e que tinha um estoque de entorpecentes em sua casa, na Vila Guarani, em Santo André.
História em quadrinhos
De acordo com a Polícia Civil, o professor despachava a droga para vários estados brasileiros, sempre por meio de correspondência. Uma das estratégias usadas por Rossi era esconder os entorpecentes dentro de HQs Tex, pois a publicação tinha o tamanho exato dos envelopes que usava para acondicionar as drogas.
Foi no meio de duas das 260 páginas de uma edição da HQ de velho oeste, em preto e branco, que ele pretendia enviar para uma cliente em Curitiba, no Paraná, três doses de LSD e um saco com MDMA granulado.
Na outra correspondência do professor, o destino seria um cliente em Alvorada, no Tocantins. Desta vez a droga estava em uma caixa revestida de fita adesiva plástica com um pedaço de papel com várias doses de LSD e duas porções de maconha.
Tanto a carta como a correspondência com a caixa tinham como remetente o nome de “Henry Heitor Igor Viana”. A investigação apura a veracidade do nome ou se se trata de um codinome usado pelo professor.
No momento em que foi preso na agência dos Correios, Rossi estava com uma mochila, também recheada de drogas. Os policiais militares encontraram dois sacos com maconha, um saco plástico com a inscrição “3G Marroquino” com haxixe, um pacote plástico com uma cartela branca com flores coloridas de LSD, uma outra embalagem plástica coma inscrição “1G MDMA”.
Momento da prisão
A Polícia Federal já investigava o professor havia alguns meses. De acordo com a investigação, ele que ajudou os policiais a identificar cada um dos entorpecentes apreendidos. Ele é alvo de uma ação da Superintendência de Goiás da PF, que não divulgou detalhes sobre o caso.
A prisão dele só foi possível porque a PF de Goiás enviou aos Correios de Santo André uma foto do professor, nome, dados pessoais e um resumo de como ele costumava agir. No comunicado, havia a recomendação para que, assim que ele entrasse na agência postal, a Polícia Militar fosse acionada imediatamente para prendê-lo.
Ele foi levado pelos policiais até o local e a namorada dele, Katia Aparecida, abriu a porta, permitindo a entrada dos policiais. Durante a revista no imóvel, ela mostrou onde o professor armazenava o restante das drogas. Ela prestou depoimento apenas como testemunha.
Estoque de entorpecentes
Na casa, os policiais apreenderam, em uma pequena mesa no canto da sala, quatro potes de vidro e seis sacos plásticos, todos com maconha, uma caixa com 416 comprimidos de ectasy, um saco com a inscrição “Jurema” cheio de haxixe e um pote de vidro também com haxixe. A polícia encontrou também, 17 cartelas de vários tamanhos de LSD e dois tubos da mesma droga lisérgica, só que líquida.
O professor também tinha armazenado sete sacos de N-dimetiltriptamina, conhecida como DMT, oito sacos de com MDMA e um saco com a inscrição “LSA”.
Segundo a Polícia Civil, o professor fazia um controle contábil em um caderno, que foi apreendido. Na casa também foram encontrados R$ 2,4 mil em dinheiro, além de comprovantes de depósitos bancários nos valores de R$ 782, R$ 665 e R$ 1.330.
Defesa do professor em silêncio
A reportagem do G1 entrou em contato com o advogado Willey Fontenelle Marinato, que acompanhou Rossi durante o registro do flagrante, mas ele foi destituído pela família do preso e por essa razão não se pronunciou sobre o caso. Ele afirmou apenas que instruiu o professor a permanecer em silêncio.
O advogado Bruno Santiago, que acompanhou o professor na audiência de custódia e é o atual defensor de Rossi, informou ao G1 que também não irá se pronunciar.
A reportagem do G1 conversou com Kátia Aparecida, namorada do professor, e, em um primeiro momento, negou que tivesse algum relacionamento pessoal com Rossi ou que tivesse qualquer ligação familiar com ele, mas depois concordou em informar que apenas o advogado Bruno Santiago teria autorização para falar sobre o caso. O casal tem uma tatuagem nas costas com símbolo da banda Led Zeppelin.
Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Rossi foi contratado como professor temporário para atuar na Escola Estadual (EE) Dr. Américo Brasiliense, em Santo André, em 27 de março de 2012. No entanto, a pasta informou que ele não chegou a ministrar aulas e teve o contrato encerrado no dia 24 de abril do mesmo ano.
No momento de sua prisão, Rossi estava com uma carteirinha de aluno de pós-graduação em matemática e estatística na Universidade de São Paulo (USP), com validade até 2019. No entanto, a USP informou que ele foi aluno pós-graduando, mas que não chegou a concluir o curso e nem e mais aluno da instituição. Ele também não figura no quadro de professores da universidade.
G1

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