Entidades repudiam fala de general Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro
A declaração foi dada durante um evento em Caxias do Sul (RS).
“Essa
herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da
indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena, minha gente.
Meu pai é amazonense. E a malandragem, Edson Rosa (vereador de Caxias do
Sul), nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, essa
é o nosso cadinho cultural. Infelizmente, gostamos de mártires, líderes
populistas e dos macunaímas”, afirmou Mourão, em trecho gravado pelo
jornal “Pioneiro”.
Por meio de nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) disse
que repudia veementemente a declaração do general, e que ela alimenta o
racismo. Segundo a entidade, a fala é injusta, injuriosa e criminosa, e
deve ser investigada pelo Ministério Público Federal.
“Tais
declarações explicitam profunda ignorância e alimentam o racismo de
parcela da sociedade brasileira contra essas populações historicamente
injustiçadas e massacradas em nosso país”, diz o Cimi na nota.
Também por meio de nota, a ONG Educafro disse
estar preocupada com a visão “equivocada” da participação do povo negro
na construção do Brasil. Para a ONG, a fala do general Mourão é
“ofensiva” à comunidade negra.
Por telefone, a presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), Cármeno Dora de Freitas, disse que a fala do general caracteriza apologia ao racismo.
General Mourão
Após
a repercussão de sua fala, Mourão disse por telefone que foi mal
interpretado e que em momento algum fez referência a indígenas e
africanos de forma pejorativa.
Afirmou
ainda que não é racista, reforçou sua origem indígena, e disse que “o
brasileiro precisa conhecer a sua origem para as coisas boas e não tão
boas”.
Em
nota divulgada nesta terça, o candidato a vice-presidente disse que, ao
dar a declaração, se baseou em “estudiosos gabaritados da nossa
nacionalidade” e que o contexto da fala foi o da “herança cultural”.
“Esse contexto trouxe heranças positivas e negativas, sem distinção de cor e raça, para todos os brasileiros”, concluiu.
Bolsonaro
Questionado por jornalistas no plenário da Câmara, nesta terça-feira (7), sobre as declarações de Mourão, Bolsonaro afirmou:
“A
mãe dele [do Mourão] é índia. O que é indolência? Capacidade de
perdoar, é isso? Funcionário, vê aí, funcionário, o que é indolência…
Aquele que perdoa, não é isso?”
Indagado
sobre a possibilidade de a fala de Mourão prejudicá-lo como candidato a
presidente, Bolsonaro disse: “Eu respondo pelos meus atos e ele
responde pelos dele”.
G1
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