Saques do PIS/Pasep liberado até 28 de setembro podem injetar até R$ 10,3 bilhões no comércio
O
 resgate das cotas do Fundo PIS/Pasep, liberado para beneficiários de 
todas as idades até o dia 28 de setembro, pode injetar até R$ 10,3 
bilhões no segmento varejista.
Os cálculos são da Confederação 
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), tomando como 
base o saldo de cerca de R$ 35 bilhões disponíveis no fundo.
Se
 essa projeção se confirmar, o comércio pode ser mais beneficiado do que
 com o que foi liberado das contas inativas do Fundo de Garantia do 
Tempo de Serviço (FGTS), que injetou mais de R$ 44 bilhões na economia 
do país no ano passado, com R$ 10 bilhões sendo absorvidos apenas pelo 
varejo.
“A estimativa é mais otimista para os efeitos do PIS/Pasep
 porque o comprometimento da renda das famílias hoje, na faixa dos 17%, é
 melhor do que no ano passado, quando quase 20% da renda estava 
comprometida com o pagamento de dívidas, parcelas de bens, entre 
outros”, explica Fábio Bentes, chefe da divisão econômica da CNC.
Segundo
 ele, a disponibilidade de recursos pelas famílias é maior este ano, 
apesar da “frustração” com a tímida recuperação do mercado de trabalho e
 o aumento da inflação em relação a 2017.
“No ano passado, a gente
 viu que o segmento que mais se beneficiou da liberação das contas 
inativas do FGTS foi o de vestuário, seguindo pelo de material de 
construção. A tendência é que esses mesmos setores também se beneficiem 
com os recursos do PIS/Pasep”, acrescenta Fábio.
Segundo ele, os 
efeitos já devem ser sentidos ao longo do mês de setembro. A expectativa
 é que o comércio cresça, no segundo semestre deste ano, 3% em relação 
ao mesmo período do ano passado.
O Ministério do Planejamento 
calcula que o impacto da liberação desses recursos poderia reforçar o 
Produto Interno Bruto (PIB) do país em 0,55 ponto percentual em 2018, um
 valor expressivo tendo em vista a expectativa de crescimento este ano 
está em 1,6%. Em média, cada cotista do PIS/Pasep deve sacar um saldo de
 R$ 1.000.
Na opinião de Claudio Considera, pesquisador associado 
do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas 
(FGV), apesar de boa parte das famílias declarar o uso desses recursos 
para quitar dívidas, isso abre possibilidade para a retomada do crédito.
 “Boa parte das pessoas usam o dinheiro para pagar dívidas, mas com isso
 elas voltam ao mercado de crédito”, aponta.
O economista, que é 
coordenador do Monitor do PIB, diz ainda que após a liberação das contas
 inativas do FGTS, no ano passado, houve um incremento no mercado de 
consumo de bens duráveis, que inclui automóveis, eletrônicos, 
televisores e eletrodomésticos em geral.
“Bens de consumo duráveis
 são comprados, em geral, por meio do crediário e os consumidores só 
poderiam fazer essa aquisição caso tivessem liquidado suas dívidas. Esse
 pessoal voltou ao mercado de consumo”, argumenta. Ele lembra que até 
abril do ano passado, as estatística de consumo de bens duráveis eram 
negativas e passaram a experimentar um alta crescente, que tem se 
mantido.
Cronograma
Desde que o governo 
federal deu início ao processo de flexibilização dos saques do Fundo 
PIS/Pasep, em outubro de 2017, até a última atualização do balanço de 
pagamentos, no último dia 19 de agosto, foram pagos R$ 13,8 bilhões, 
atendendo 13 milhões de pessoas. Esse número representa 45,5% do total 
de cotistas do Fundo PIS/Pasep.
Até o dia 28 de setembro de 2018, 
cotistas de todas as idades têm direito a fazerem os seus saques. Ao 
todo, são 15,6 milhões de pessoas aptas a resgatar o benefício, com 
recursos que totalizam R$ 28,4 bilhões.
Após essa data, o 
benefício volta a ser concedido exclusivamente ao público habitual, 
formado por cotistas maiores de 60 anos, aposentados, pessoas em 
situação de invalidez (inclusive seus dependentes) ou acometidas por 
enfermidades específicas, participantes do Programa de Benefício de 
Prestação Continuada (BPC) e herdeiros de cotistas falecidos.
Quem tem direito
Têm
 direito ao saque servidores públicos e empregados que trabalharam com 
carteira assinada entre 1971, quando o PIS/Pasep foi criado, até 1988. 
Quem contribuiu após 4 de outubro de 1988 não tem direito ao saque. Isso
 ocorre porque a Constituição, promulgada naquele ano, passou a destinar
 as contribuições do PIS/Pasep das empresas ao Fundo de Amparo ao 
Trabalhador (FAT), que paga o seguro-desemprego e o abono salarial, e ao
 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Desde
 a criação do PIS/Pasep, em 1971, o saque total só podia ser feito 
quando o trabalhador completasse 70 anos, se aposentasse, tivesse doença
 grave ou invalidez ou fosse herdeiro de titular da conta. No segundo 
semestre do ano passado, o governo já tinha enviado ao Congresso duas 
medidas provisórias (MPs) reduzindo a 60 anos a idade para saque, sem 
alterar as demais hipóteses de acesso aos recursos.
O Projeto de 
Lei de Conversão 8/2018, decorrente da MP 813/2017, que permitiu os 
saques, foi aprovado pelo Senado no dia 28 de maio e sancionado pelo 
presidente Michel Temer em junho, quando a flexibilização do saque 
passou a valer na prática.
Fonte: Agência Brasil
 

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