Recluso desde série de prisões, ex-ministro José Dirceu reaparece para lançar livro
Em obra, petista relata passagens de sua vida desde o golpe militar, em 1964, até o escândalo do mensalão, em 2005
© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Arquivo
Recluso desde a primeira de
uma série de prisões iniciada em 2013, o ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, condenado a 31 anos de cadeia na Operação Lava Jato, planeja uma
série de aparições públicas para divulgar o primeiro volume de suas
memórias (Zé Dirceu Memórias - Volume 1) com lançamento previsto para o
dia 13 de setembro, no qual relata passagens de sua vida desde o golpe
militar em 1964 até o escândalo do mensalão, em 2005.
Divulgar o livro tem sido a prioridade do petista. No dia 4,
Dirceu participa de uma noite de autógrafos no Circo Voador, no Rio de
Janeiro.
Antes, no dia 30, sua presença é esperada em um evento de
sindicalistas no bairro da Liberdade, em São Paulo. Depois deve
percorrer outras capitais.
Nesta semana, o livro foi colocado em
pré-venda juntamente com uma página na internet que adianta trechos
divididos por momentos importantes da história brasileira dos quais
Dirceu participou, como o golpe militar de 1964 e a chegada do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder em 2002, relatados
quase sempre em primeira pessoa.
Na
parte sobre a eleição de 1989, quando Lula perdeu no segundo turno para
Fernando Collor de Mello, Dirceu questiona: "Será que não foi melhor
perdermos e só ganharmos em 2002, 13 anos depois?"
Depois de
relatar casos de bastidor como a relutância de Fernando Henrique Cardoso
em apoiar o PT no segundo turno, o próprio Dirceu responde: "Digo que
não. Teríamos evitado a tragédia dos anos Collor e o Brasil não seria o
mesmo."
Em outro trecho, Dirceu revela o papel crucial do vereador
Eduardo Suplicy, candidato ao Senado pelo PT, no impeachment de Collor:
"Suplicy insistiu, persistiu, quase invadiu a suíte de Pedro Collor no
hotel Mofarraj, em São Paulo, até que conseguiu ser recebido pelo irmão
do presidente. Eu o acompanhei e, juntos, ouvimos o impublicável. Um
relato frio, sincero e impecável sobre a relação de Collor com seu
tesoureiro e do papel de PC Farias no governo. Devemos a essa figura
única -Eduardo Suplicy - o início da CPI."
Dirceu também relembra a
época em que foi líder estudantil nos anos 1960, a prisão em 1969, a
liberdade em troca do embaixador dos EUA Charles Elbrick e os anos de
exílio em Cuba.
O ex-ministro diz que era submetido a dois tipos
de treinamento, militar e clandestinidade. "Fiquei interessado nessa
segunda fase porque, no futuro, seria fundamental, particularmente a
área de disfarces, falsificação de documentos, clandestinidade e
técnicas de comunicação em rádio, códigos, senhas, tintas invisíveis
etc."
Ao relatar os anos que viveu disfarçado no interior do
Paraná, Dirceu afirma que mantinha com disciplina o hábito de estudar as
técnicas aprendidas em Cuba. "Nunca deixei de fazer os exercícios,
treinar os códigos e limpar as armas", diz.
No trecho divulgado sobre o mensalão, Dirceu não faz qualquer
autocrítica e atribuiu o escândalo a uma vingança do ex-deputado Roberto
Jefferson.
Política ao Minuto
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