Não há mocinho no bangue-bangue judicial sobre Lula. Por Leandro Colon

O Brasil virou uma algazarra jurídica. Um juiz federal do TRF-4, que foi filiado ao PT por quase 20 anos, aproveitou o plantão no fim de semana para soltar o preso mais ilustre do país. Estimulada por um juiz de primeira instância em período de férias, a PF ignorou a decisão.
Outro
 magistrado do TRF-4 resolveu dar pitaco na liminar do colega para pedir
 o seu não cumprimento. No fim do dia, prevaleceu a manutenção da prisão
 do ex-presidente Lula.
Não há a figura do mocinho nesse 
bangue-bangue entre juízes. Parece evidente a estratégia oportunista dos
 aliados de Lula de esperar o ex-correligionário e desembargador Rogério
 Favreto assumir o plantão para obter de sopetão (em um domingo) a 
liberdade do ex-presidente.
Logo na segunda das dez páginas de seu
 despacho, Favreto diz que há um “fato novo” ocorrido durante a execução
 da pena do petista. Qual seria esse fato novo? Na opinião do 
desembargador, as demandas de veículos de comunicação para entrevistar o
 ex-presidente, que se diz pré-candidato ao Planalto em outubro.
“É
 notório que o próprio presidente já se colocou nessa condição de 
pré-candidatura”, diz o juiz. Pelo entendimento dele, basta então que um
 preso diga que é “pré-candidato” (figura inexistente na ordem 
eleitoral) para tentar sair da cadeia.
E a intromissão de Sergio 
Moro em um caso que não pertence mais a ele? Em despacho, Moro, durante 
as próprias férias, diz que Favreto é “autoridade incompetente” para 
decidir sobre Lula. Tem algo de errado no sistema jurídico quando um 
juiz de primeira instância tenta impedir determinação do andar superior.
Mas
 esses personagens não bailam sozinhos na folia da Justiça. O exemplo 
vem de cima, de Brasília, com a bagunça instalada à luz do dia pelas 
decisões monocráticas e de Turmas do STF sobre assuntos ainda não 
pacificados pelo plenário do tribunal.
O CNJ, órgão de controle do
 Judicário, é corporativista. Não age nem incomoda. A categoria mandou 
para a gaveta o debate sobre o fim do imoral auxílio-moradia pago aos 
juízes.
Folha
 
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