DE UMA SÓ CACETADA, DESEMBARGADOR TENTA ANULAR DECISÕES QUE MANTÉM LULA PRESO
Dias
depois de Eduardo Cunha ser afastado e preso, o até então anônimo
deputado Waldir Maranhão (PP-MA) roubou a cena. Com uma só canetada,
mandou anular o processo de abertura de impeachment da ex-presidente
Dilma Rousseff. Num despacho, dissolveu meses de depoimentos, defesas,
comissões processantes e a longa sessão que colheu votos dos
parlamentares sobre a admissibilidade da investigação. De tão exdrúxula,
a decisão foi revogada pelo próprio Waldir doze horas após ele entrar
pela porta dos fundos para a história brasileira.
Ontem, o
desembargador Rogério Favreto, do TRF 4 em Porto Alegre, teve um surto
waldiniano. Num plantão judicial de fim de semana, o magistrado – de
longas relações com o PT – analisou misterioso pedido de habbeas corpus
impetrado na surdina por deputados aliados do ex-presidente Lula e
determinou a soltura do petista, sob o argumento do ‘fato novo’ da
pré-candidatura do condenado. Risível.
Numa folha de papel, em
pleno silêncio de domingo, Rogério desmanchou anos de investigação da
PF, Ministério Público e Justiça Federal de Curitiba. De uma só
cacetada, mandou para as cucuias os julgamentos de Sérgio Moro e da
Corte de desembargadores do Tribunal Federal em Porto Alegre, além de
todas as análises feitas no caso pelo STJ e STF com tentativas de
liminares pela liberdade de Lula.
Daí em diante, estava armado o
barraco jurídico com todas as tintas políticas. Sérgio Moro, de férias,
se sentiu no direito de se imiscuir no assunto, extrapolou sua
competência e emitiu uma contra ordem ao mandado do seu superior. A
Polícia Federal, de propósito, evitou seguir o cumprimento da
atabalhoada e suspeita sentença de Favreto, o relator do caso no TRF,
Gebran Neto, produziu documento derrubando o habbeas corpus e por fim o
presidente do Tribunal, Thompson Flores, pôs ordem na casa e acabou com
algazarra.
Da bagunça, o PT saiu com um saldo. Um fato novo pelo
menos para manter sua militância viva, Lula com o discurso de perseguido
e a balela da manutenção da candidatura do ex-presidente.
E
Favreto teve seu dia de Waldir Maranhão. Com uma diferença, de um
político do baixo clero não dá pra esperar muito. De um desembargador e
do Judiciário sempre se espera algum pudor antes de uma deslizada. Para
não chamar de outro nome.
MaisPB - Por Heron Cid
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